Ainda que de forma não oficial, já temos a campanha na rua. Ontem, Pedro Nuno Santos esteve em Faro e, para além de ter dito que a direita é "uma bagunça", ignorou o protesto dos polícias à chegada, “uma postura que favorece Pedro Nuno Santos”, considera Paulo Baldaia.
“Em comparação com o centro-direita, que estamos habituados ser defensor das forças da ordem que cumprem a lei e portanto, que garantem que a lei não é posta em causa e desse ponto de vista, para Pedro Nuno Santos importa deixar claro que vai negociar com os polícias, porque isso já todos os partidos admitiram que o iam fazer e inclusive, a AD e Luís Montenegro”.
Luís Montenegro disse que o PS já sabe que vai perder as eleições e é por isso que admite viabilizar um governo da AD.
Paulo Baldaia considera que Luís Montenegro foi surpreendido com esta posição do PS durante o debate de segunda-feira.
“Foi Luís Montenegro e fomos todos, porque aquilo que Pedro Nuno Santos tinha dito é que o Partido Socialista não viabilizaria um governo, não se sentiram obrigação de viabilizar um governo da AD”.
Cenários pós-eleições
Se a AD ganhar as eleições, mas a maioria estiver à esquerda:
“É um cenário pouco expectável, mas é possível e se isso acontecer, obviamente que o Partido Socialista não deixará que a AD governe. Vai fazer uso dessa maioria. Vai negociar. Com PCP com o livro com o bloco até com o PAN se houver uma maioria com estes partidos para formar maioria no Parlamento e governar, como aconteceu em 2015”.
Se Luís Montenegro ganhar as eleições vai governar ou vai procurar governar
“Se por outro lado, perder as eleições e houver uma maioria à direita, ele já disse que não governa nestas circunstâncias (…) Isso significa que no PSD haverá quem desafie a liderança de Luís Montenegro para exatamente não permitir que o PS continue a governar e formar essa maioria à direita mesmo com o Chega".
Cavaco Silva na campanha e a ausência de Passos Coelho
Cavaco Silva disse que não vai participar na campanha, pelo menos de forma física, porque em declarações e em artigos de opinião já o está a fazer. É “sem dúvida nenhuma” uma mais valia para a Aliança democrática, diz Paulo Baldaia.
“Eu diria que ele diz que não vai participar no momento em que está a participar e tem participado. Ele considera que não está a fazer campanha, mas está, obviamente que está a fazer campanha. Aliás, ontem foi um dia em cheio de campanha para a AD, começou logo com uma arruada em Lisboa”.
Para Paulo Baldaia, Cavaco Silva é muito importante e Pedro Passos Coelho vale menos eleitoralmente.
“A ausência de Pedro Passos Coelho é estratégica (…). Faz bem Luís Montenegro em dar mais importância a Cavaco Silva do que a Pedro Passos Coelho, pela simples razão de Cavaco Silva ainda vale mais eleitoralmente do que Pedro Passos Coelho nesse eleitorado mais velho, que está maioritariamente com o Partido Socialista e que o PSD e AD querem retirar uma quantia que lhe permita ganhar as eleições”.