Moody’s corta rating israelita e baixa perspetivas para ‘negativas’

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O ataque a Gaza coloca uma pressão acrescida sobre as finanças públicas israelita e cria riscos políticos claros, considera a Moody’s, que deixa a porta aberta a novos cortes. Netanyahu e ministro das Finanças desvalorizam decisão como politicamente motivada.

A agência financeira internacional Moody’s cortou o rating da dívida pública israelita, citando o peso da guerra em curso como o principal motor da decisão e avisando que o risco é de mais descidas, sobretudo caso o conflito alastre ao Líbano.

Os avisos vinham de trás e a instituição norte-americana cumpriu: a notação dos títulos israelitas desceu de ‘A1’ para ‘A2’, cinco níveis acima do lixo especulativo, agravando assim os custos de financiamento para o governo e empresas do país. O peso da atual guerra em Gaza é o principal motivo da decisão, isto depois de a Moody’s já ter avisado que a investida militar iria debilitar significativamente as perspetivas financeiras de curto-prazo.

Em comunicado, a agência informa que a decisão resultou da “avaliação que o atual conflito com o Hamas, o seu rescaldo e consequências mais amplas aumentam o risco político para Israel, além de enfraquecerem as suas instituições executivas e legislativas e a sua força orçamental”.

A Moody’s havia já avisado, duas semanas após o ataque de 7 de outubro, que os esforços bélicos israelitas criavam um risco considerável de deterioração das suas finanças públicas. Além do corte de rating, a agência baixou as perspetivas de ‘estáveis’ para ‘negativas’, sinalizando que mais cortes poderão estar na calha.

Na mesma linha, a S&P havia já baixado o outlook da dívida israelita em outubro, sinalizando a campanha militar em Gaza como o principal risco, enquanto a Fitch havia já colocado a os títulos do país sob observação, antecipando um corte.

Na reação à notícia, Bezalel Smotrich, ministro das Finanças israelita de extrema-direita, desvalorizou a decisão, classificando-a como politicamente motivada, visão secundada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Recorde-se que o executivo israelita, composto maioritariamente por elementos da extrema-direita ortodoxa e ultraconservadora, aprovaram na semana anterior os elementos iniciais de um orçamento retificativo que colocará o défice de 2024 em 6,6% do PIB, por oposição aos anteriores 2,25%. A agência norte-americana projeta ainda que os gastos públicos com defesa disparem, fechando 2024 no dobro do registado em 2022 e adicionando mais pressão às contas públicas do Estado sionista.

A possibilidade de alastramento do conflito a norte, na fronteira com o Líbano, é um risco ainda maior para Israel, escreve a Moody’s.

O ataque de Israel à Faixa de Gaza, um território densamente povoado cujas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas são controladas por Telavive e pelo Cairo, causou já mais de 28 mil mortos, a maioria deles mulheres e crianças, em resposta ao ataque de 7 de outubro do Hamas que matou cerca de 1.200 israelitas.

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