Pelo menos 65 corpos de migrantes foram encontrados
numa vala comum no sudoeste da Líbia em março deste ano, segundo a Organização
Internacional para as Migrações (OIM). As circunstâncias das mortes e as
nacionalidades dos migrantes não foram identificadas, mas a agência da
ONU estimou que as vítimas morreram no deserto num processo de tráfico
humano.
O presidente do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com sede em Genebra, na Suíça, denunciou esta terça-feira as violações "generalizadas" contra migrantes e refugiados e instou as autoridades a responderem rapidamente aos inquéritos e a investigarem estes crimes. "Os entes queridos dos que morreram têm todo o direito de saber a verdade", afirmou Volker Turk.
"A situação dos refugiados e dos migrantes continua terrível." afirma a organização da ONU na rede social X. "Os líderes líbios devem tomar medidas urgentes para restaurar a esperança de uma vida pacífica, justa e segura para todas as pessoas", insta a organização.
#Libya: Targeting of dissenting voices has accelerated across the country. The situation for refugees and migrants remains dire.
Libyan leaders should take urgent steps to restore hope for peaceful, just & secure life of all people.
Milhares de mortes no deserto por investigar
No último ano milhares de africanos subsarianos têm sido abandonados à sua sorte, sem água, comida ou assistência e com temperaturas de quase 50 graus, nas fronteiras da Tunísia com a Líbia e a Argélia. Um drama humanitário que é consequência dos acordos estratégicos assinados com a União Europeia com o objetivo de impedir que os migrantes cheguem às costas europeias.
É o caso de Fati Dosso, de 30 anos, e da filha Marie, de apenas seis, que acabaram por não aguentar a travessia do deserto depois de terem sido detidas pelas autoridades tunisinas e abandonadas à sua sorte no deserto, na fronteira entre a Líbia e a Líbia. Acabando por ser encontradas mais tarde sem vida por um jornalista líbio.
”A mulher sem rosto e a sua filha atiradas para o deserto há alguns dias não eram apenas migrantes [...] tinham uma história, uma vida", afirmou a organização Refugiados na Líbia na sua conta X, em julho do ano passado.
c/agências