Não entenderam nada

6 meses atrás 49

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

A época desportiva do SC Braga já vai longa, com muitos jogos realizados, num calendário que se dizia apertado, mas que, agora que ficou muito mais leve, vai deixar saudades a todos.

O início da temporada foi auspicioso, com um apuramento imaculado para a fase de grupos da Liga dos Campeões. O hino da Champions ecoou na Pedreira várias vezes, para arrepio dos adeptos braguistas. E como é lindo aquele momento em que aquela música soa nas colunas do estádio. A disputa da fase de grupos, num grupo com adversários respeitáveis, não envergonhou ninguém e no fim das contas o apuramento, em terceiro lugar no grupo, para a Liga Europa era um prémio para os bons jogos realizados.

O sorteio do play-off ditou como adversário o Qarabag, o que aparentava alguma fortuna pela primeira vez nesta temporada. Pura ilusão, como se confirmou com o decurso do tempo, pois os elementos que constituem o grupo de trabalho não entenderam nada do que deveriam ter compreendido. A abordagem da primeira mão, disputada em Braga, passou da ideia de leveza no encontro a um pesadelo real, com os brácaros atónitos e os adversários, vindos do longínquo Azerbaijão, a castigarem com golos os erros defensivos cometidos, que já são uma imagem de marca, negativa, da equipa arsenalista.

A visita ao Qarabag foi preparada em cima de um triunfo obtido frente ao SC Farense, que parecia ter resgatado a equipa dos momentos instáveis que viveu nos tempos mais recentes. Estavam reunidas as condições para encarar a segunda mão com o otimismo de quem queria corrigir o mau jogo da Pedreira e ir em busca da qualificação para a eliminatória seguinte.

Porém, à semelhança do que acontecera no primeiro encontro, ninguém foi capaz de perceber a forma de chegar ao caminho do sucesso que viabilizasse a inversão de uma eliminação que parecia anunciada desde Braga. Foi neste contexto de dificuldades de aprendizagem que decorreu o primeiro tempo em Baku, uma vez que o SC Braga nada fez de relevante para atingir o seu objetivo e ao intervalo a melhor notícia para a Legião era mesmo o nulo no marcador, que mantinha tudo em aberto.

O segundo tempo foi a continuação do primeiro, até ao momento em que um jogador azeri foi expulso, com duplo cartão amarelo em poucos minutos, expondo a sua equipa a uma situação de inferioridade numérica, com eventuais efeitos nefastos a seguir. As alterações nos bracarenses, aliadas à superioridade numérica, lançaram a equipa em busca dos golos que evitassem a saída da prova e a desvantagem inicial de dois golos foi corrigida através das boas finalizações do menino Roger Fernandes e de Álvaro Djaló, pelo que se esperava nos minutos restantes no tempo regulamentar uma busca incessante do terceiro golo, o que não viria a acontecer.

A situação forçou a um indesejado prolongamento, em que a vantagem teórica pendia para o lado da representação lusa. Contudo, a teoria e a prática zangam-se várias vezes, tal como sucedeu nos trinta minutos suplementares, em que o SC Braga voltou a mostrar a sua pior imagem de marca e permitiu que os adversários, cansados e com um jogador a menos, marcassem dois golos, que anularam o tento que Banza conseguiria marcar neste período. Voltaram a surgir erros defensivos inaceitáveis a este nível competitivo, cujo expoente máximo é o golo que desempatou a eliminatória sobre o limite do tempo disponível, bem ao nível de uma equipa da regional, e que apurou a equipa azeri para a fase seguinte, acabando com a montra europeia que os jogadores brácaros foram incapazes de manter.

O calendário surge agora mais leve e solto, em que apenas a liga portuguesa perturba os treinos diários. Em boa verdade, o Qarabag mereceu vencer a eliminatória e o SC Braga mereceu sair derrotado, especialmente pelo que não foi capaz de fazer em campo e pelo que fez de negativo.

O ambiente em redor da equipa em Braga está longe de ser o melhor, uma vez que após a conquista da Taça da Liga os arsenalistas já foram arrumados na Taça de Portugal e na Liga Europa, onde o favoritismo teórico não teve qualquer correspondência na prática. É neste contexto difícil que surge a visita ao estádio do Bessa, para defrontar uma equipa do Boavista que passa por momentos de muita complicação e incerteza, mas que é capaz de deixar em campo aquilo que os jogadores bracarenses não têm conseguido, com as consequências negativas que se observam facilmente.

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