“Neste tipo de riscos tem de haver uma atuação concertada do sector segurador”, diz administrador da Fidelidade

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“A Fidelidade lançou um esforço muito grande relacionado com a sustentabilidade”, sublinhou o gestor da seguradora que tem 17,3 mil milhões de euros de ativos sob gestão e que, segundo o responsável, serão alocados em ativos mais sustentáveis.

O JE Advisory promoveu esta quinta-feira um pequeno-almoço de debate sobre os atuais desafios do sector segurador. Em discussão durante a manhã esteve o surgimento de novos riscos e a importância crescente da Inteligência Artificial.

No painel de debate entre o advogado Nuno Sapateiro, sócio da Abreu Advogados; a Chief Distribution Officer da Generali Tranquilidade, Joana Pina Pereira; Pedro Penalva, CEO de Enterprise Clients na EMEA da Aon; e Miguel Abecasis, administrador da Fidelidade.

O painel começou por se debruçar à análise de eventos climáticos em Portugal. O responsável da Fidelidade invocou os 25 eventos mais graves dos últimos 20 anos, 18 ocorreram desde 2013.

O administrador da Fidelidade destacou que cada evento grave entre 2013 e 2022 gerou, em média, um prejuízo 60% superior aos eventos graves entre 2003 e 2012. “Neste tipo de riscos tem de haver uma atuação concertada do sector”, disse Miguel Abecasis.

“A Fidelidade lançou um esforço muito grande relacionado com a sustentabilidade”, sublinhou o gestor da seguradora que tem 17,3 mil milhões de euros de ativos sob gestão e que, segundo o responsável, serão alocados em ativos mais sustentáveis.

“A nossa meta é reduzir as emissões em 40% até 2023 e ser net zero até 2050″, disse Miguel Abecasis.

O administrador da seguradora revelou que estão a desenvolver o “center for climate change“, com participação de investigadores, com vista a produzir conhecimento científico sobre as alterações climáticas para a sociedade.

“Temos ainda um fundo florestal”, acrescentou o administrador da seguradora líder do mercado com uma quota de 30%.

Ligado aos desafios das alterações climáticas, Miguel Abecasis defendeu o papel das seguradoras na literacia financeira “evangelizador” para ajudar as pessoas a defenderem-se destes riscos, por causa da extensa rede por todo o país.

O painel evoluiu para a discussão da atividade regulatória no sector e o administrador da Fidelidade lembrou que o grupo segurador está em 14 países e “nem em todos há este peso regulatório”, referindo-se à Solvência II, ao regime de proteção de dados e a regulação da Inteligência Artificial que irá surgir. O gestor realçou o tema da concorrência com outras seguradoras, nalguns mercados onde a Fidelidade está presente, “que não têm a mesma carga regulatória é um bocadinho injusta”.

“Temos de ser compliance by design“, disse o administrador da seguradora.

Miguel Abecasis dissertou sobre como as seguradoras podem aproveitar os benefícios da Inteligência Artificial em prol das vendas e dos seus clientes. “Hoje já somos digitais by design, e vamos ser IA by design” referiu o gestor salientando que “há saltos qualitativos em termos operativos e de eficiência”.

O debate contou ainda com a participação na plateia de Luís Mira Amaral e Nuno Lacasta que expressaram opiniões opostas sobre o aumento dos riscos climáticos, com o primeiro a citar teses de que os eventos climáticos não estão a aumentar, e que há é a percepção de mais catástrofes naturais por conta da rapidez da informação. O que Nuno Lacasta contrapôs esta tese.

Em Portugal, entre 2003 e 2007, há registo de apenas um evento grave e nos últimos cinco anos, foram registados oito eventos graves.

Este encontro, que antecede a publicação de mais uma edição mensal do JE Advisory, contará com a participação de líderes de seguradoras nacionais e de especialistas da área, bem como intervenções de uma académica e um advogado.

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