Nikkei desaba 13% e arrasta Europa para o ‘vermelho’. Bolsas perdem perante recessão global

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Fracos dados económicos dos Estados Unidos e ‘crash’ no Japão levam negociações europeias a perder terreno.

O tombo começou a ser dado em vésperas de fim de semana e mantiveram-se no arranque desta semana. O mercado de ações iniciou agosto de forma atípica, com grandes tensões da Ásia e já com os Estados Unidos (longe da abertura) a darem sinais de de queda.

O japonês Nikkei deu o pontapé para as perdas europeias, com a sua quebra de 13%, um valor que superou a ‘Segunda-feira Negra’ de 1987, considerada a pior da história bolsista do Japão. Os medos de uma recessão nos Estados Unidos estão a fazer com que os investidores se afastassem consideravelmente do risco, sendo que cortes nas taxas de juro só irão acontecer depois do verão.

Ao Jornal Económico, o presidente do IMf assume que a bolsa portuguesa – que abriu numa rutura de 2,5% – segue “o que se passa nas bolsas mundiais, mas muito longe das quedas na Ásia”. “O mercado evidencia forte aversão ao risco, receando a situação da economia global (risco de recessão)”, analisa Filipe Garcia.

Ainda à nossa publicação, o economista Paulo Rosa do Banco Carregosa, indica que o mal-estar sentido no Japão chega depois da subida das taxas de juro por parte do banco central como forma de travar a inflação, o que está a fazer com que a economia nipónica deixe de ser um dos maiores financiadores a nível mundial.

“O carry trade perde cada vez mais interesse com a subida dos juros no Japão e a valorização da moeda nipónica, uma considerável fonte de financiamento começa que gradualmente a secar, diminuindo a liquidez global”, explica Paulo Rosa.

Além da perda de atratividade da estratégia do carry trade, a própria desvalorização do Nikkei 225 (que se acentuou na sexta-feira e que continua no início desta semana com uma queda de 5,5% – às 2h00 desta segunda-feira, sendo que finalizou a sessão com queda de 13,47%) “agrava o atual sell off“, realça.

Por sua vez, Filipe Garcia nota que os “mercados estão a descontar que o BCE irá cortar as taxas em 75 pontos base no resto do ano e que a Fed o fará em 125 pontos base”.

Abordando as negociações em Tóquio, Nuno Carregueiro do BA&N Research Unit fala no mini-crash de sexta-feira e que a sessão do índice Nikkei registou a pior queda em pontos desde a crise de 1987, “tendo já eliminado todos os ganhos alcançados este ano e acumulado uma queda superior a 20% face a máximos”.

Ora, uma análise comum dos dois economistas é também a situação vivida no Médio Oriente. Paulo Rosa defende que “o agudizar das tensões geopolíticas, sobretudo no Médio Oriente, também adicionam volatilidade ao mercado”. Por sua vez, Filipe Garcia lembra a situação vivida nos Estados Unidos e o “contexto de incerteza com as eleições” presidenciais.

Na parte das divisas há também alterações: “O iene, franco suíço e obrigações valorizam com os receios dos investidores”, enquanto as “criptomoedas estão em forte queda”.

Aponta a XTB que as “quedas no mercado japonês são aceleradas pela valorização do iene japonês, que é a moeda mais forte hoje, estando a valorizar entre 3% e 5% contra outras moedas do G10”. Na mesma medida, mas em sentido inverso, o dólar face ao iene está a perder 3,20%.

“A descida das ações japonesas está a ser exacerbada pela alta do iene, que hoje saltou mais de 2%, e também pelos ganhos muitos expressivos registados em Tóquio desde o início do ano passado”, aponta o analista do BA&N. “O pânico marcou a sessão asiática, com o volume massivo de vendas de ações a motivar a interrupção da negociação em diversas bolsas”, tanto que o Kospi (Coreia do Sul) cedeu quase 9% e o S&P/ASX (Austrália) baixou mais de 4%.

Sobre a situação nos Estados Unidos, o economista Nuno Carregueiro escreve no Morning Call do BA&N que as más notícias económicas da maior economia do mundo “estão agora a representar más notícias para os mercados”, com os dados do emprego a representarem “a gota de água para os investidores apertarem o gatilho da venda das ações”.

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