Noite da Literatura Europeia dá voz a 17 autores

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A 12ª edição da Noite da Literatura Europeia tem lugar dia 12 de outubro e revela-nos visões e críticas à sociedade europeia através dos vários géneros literários apresentados.

A Noite da Literatura Europeia está de volta. No sábado, 12 de outubro, das 19h às 23h30, o público poderá assistir a dez sessões de leituras encenadas por atores e atrizes, com a duração de 10-15 minutos, que se repetem de meia em meia hora.

Parece uma maratona, mas não é. São leituras em vários espaços da freguesia de Carnide, que abordam temas tão diversos como a doença, a família e o sentido de comunidade, as ditaduras, incluindo a ditadura do trabalho, a meta-narrativa e a solidão, passando pela exclusão, através da surdez, entre muitos outros subtemas que cada obra selecionada encerra.

E se a palavra ganha sonoridade através da voz dos atores e atrizes, também ganhará um significado mais “pessoal” quando narrada pelos próprios autores. Na Noite da Literatura Europeia 2024, os encontros serão muitos, ou não fosse esta edição aquela que apresenta uma participação recorde de 17 autores e 18 países europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chéquia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Reino Unido e Roménia.

A Bélgica e a Dinamarca estreiam-se este ano na Noite da Literatura Europeia, que vai contar com a presença de Stanislav Struhar (Áustria e Chéquia), Caroline Lamarche (Bélgica), Krisztina Tóth (Hungria), Antoine Pohu (Luxemburgo), Manuel Alegre (Portugal) e Robert Șerban (Roménia).

Acima de tudo, esta iniciativa é uma oportunidade para descobrir autores traduzidos em português e para despertar para outros que ainda não façam parte desse universo.

Entre as obras vertidas para a língua portuguesa destacamos Marzahn, Mon Amour (Relógio d’Água, 2024), da alemã Katja Oskamp com Marzahn, que retrata uma comunidade de um bairro residencial dos arredores de Berlim, através da história de uma escritora de meia-idade que, ao mudar de profissão, acede às histórias de vida das suas clientes e vizinhas. Da Dinamarca chega-nos Os Funcionários, de Olga Ravn (Ed. Elsinore, 2022), uma obra de ficção científica que lança uma crítica à supremacia do trabalho, ao mesmo tempo que explora noções de identidade.

A francesa Alice Zeniter deu à estampa Eu sou uma Rapariga sem História (BCF Editores, 2024), que gira em torno do porquê de “as narrativas constituírem uma parte enorme das nossas existências e nós passarmos pouco tempo a estudá-las. Em Canção do Profeta, o autor irlandês Paul Lynch (Ed. Relógio d’Água, 2024), leva-nos até uma Irlanda em decadência, através de Ellish, uma mãe de quatro filhos que se depara com o desaparecimento do marido e do filho.

Refira-se ainda a obra emblemática do autor estónio Tõnu Õnnepalu, País Fronteiriço, na qual descreve o período após o colapso do estado totalitário e a restauração da independência nacional que criou uma sensação de libertação e de ansiedade. Sem esquecer O poema arco-íris. Uma experiência, poema autobiográfico sobre os piores anos da ditadura de Ceaușescu, escrito de rajada – durante oito horas – num rolo de papel de jornal pelo poeta e jornalista romeno Robert Șerban.

Muitas outras obras e autores estarão em Carnide nesta Noite da Literatura Europeia para quebrar fronteiras e idiossincrasias através da celebração da Literatura. Uma experiência que, este ano, estará também disponível para os visitantes com deficiências auditivas, através de um percurso com sessões acompanhadas de interpretação em língua gestual portuguesa, que vão ser anunciadas no Instagram da Noite da Literatura Europeia – iniciativa da EUNIC Portugal, rede que reúne institutos culturais e embaixadas de países da União Europeia, este ano em parceria com a Rede de Bibliotecas de Lisboa BLX, a Junta de Freguesia de Carnide e a Boutique da Cultura.

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