“Normalização da extrema-direita europeia é uma estratégia da Rússia”

6 meses atrás 64

O economista António Rebelo de Sousa vai apresentar no dia 21 de março o seu novo livro, “Da Reforma do Capitalismo”, onde reflete sobre as mudanças que o sistema tem de levar a cabo para se reinventar e ter futuro. Foi o tiro de partida para uma conversa a que pode assistir na JE TV, através do QR Code nestas páginas e em www.jornaleconomico.pt.

No próximo dia 21 de março vai lançar no Grémio Literário o seu novo livro, “Da Reforma do Capitalismo”, que tem prefácio de Nuno Cunha Rodrigues e posfácio de António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas. Porquê este livro, neste momento?
Já há muito tempo que tenho estado a acompanhar a produção teórica de vários autores sobre a evolução do sistema capitalista. Como é que o sistema capitalista tem evoluído, quais as suas virtualidades, as suas insuficiências e as suas perspectivas futuras. E tenho visto as mais diversas análises, digamos, de uma orientação mais radical, como é o caso, por exemplo, de Michael Hudson, que foi um dos autores que eu também referi ao longo do meu livro e até trabalhos de de reformistas como Geithner, que foi inclusive secretário de Estado do Tesouro do presidente Obama e presidente do FED de Nova Iorque. E autores da chamada esquerda democrática e outros que, sendo socialistas democráticos, são de um pendor mais esquerdizante, digamos assim, como é o caso do Thomas Piketty. Entendi que seria importante pegar essas contribuições e noutras e chegar às minhas próprias conclusões e defender o que penso que poderá vir a acontecer ao sistema de economia de mercado. Como poderá evoluir e que reformas necessita.

E a que conclusões chega?
Chego a diversas conclusões e uma primeira, muito importante, é que o sistema para sobreviver tem de ter capacidade de auto reforma. O sistema de economia de mercado tem tido até agora a capacidade de auto reforma, coisa que não aconteceu com o sistema de direção central da ex-União Soviética, que não teve capacidade de o fazer. Eles não tiveram o seu Keynes, nem os seus keynesianos, nem tiveram muitos reformadores. Houve realmente uma exceção, que foi o caso da China, em que, de facto, Deng Xiaoping foi um reformador que conseguiu introduzir algumas reformas importantes.

Fez aquilo que Gorbatchev não conseguiu fazer na URSS.
Sim, mas também com insuficiências, porque não conseguiu corrigir a tendência centralizadora realmente excessiva que existe na China e manteve o regime ditatorial. O aspeto positivo do capitalismo é ter conseguido conciliar as sucessivas reformas com a existência de uma democracia política, mas evidentemente que tem insuficiências e algumas debilidades. Por exemplo, Timothy Geithner foi partidário da injeção de liquidez que se fez nos Estados Unidos aquando da crise de 2008, para conseguir viabilizar e consolidar o sistema financeiro dos Estados da América e ultrapassar a situação de crise. E chama também a atenção para o facto de que é preciso haver intervenção do Estado em muitas situações. Foi o que aconteceu, por exemplo, ao promover investimento público no sector automóvel, o que permitiu salvar a indústria automóvel nos estados da América.

Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor

Ler artigo completo