Nove pessoas morreram e seis sobreviventes estão a receber cuidados médicos na ilha de São Vicente, após serem resgatados por um petroleiro italiano de uma piroga nas águas territoriais de Cabo Verde, disse hoje fonte oficial.
"Avistaram 15 pessoas nessa piroga, dos quais oito sobreviventes", disse à Lusa Vitória Veríssimo, comandante da Proteção Civil cabo-verdiana, avançando que uma dessas pessoas faleceu ainda no petroleiro, enquanto outra morreu já no hospital Batista de Sousa, poucas horas depois da chegada a São Vicente.
De acordo com a mesma fonte, os restantes seis sobreviventes estão a ser observados no hospital e estão "extremamente debilitados" e "meio desorientados".
Vitória Veríssimo acrescentou que a embarcação foi avistada já nas águas de Cabo Verde por um navio petroleiro proveniente de Itália, e com destino ao Brasil, e dirigiu-se ao Porto Grande do Mindelo, em São Vicente, que era o que estava mais próximo.
O alerta foi dado na segunda-feira e a chegada a São Vicente aconteceu na terça-feira ao final da tarde e o transbordo dos náufragos foi feito em alto mar, prosseguiu a comandante.
A mesma fonte revelou que, das informações avançadas pelos responsáveis do petroleiro, já havia sete cadáveres na piroga, que tiveram de ficar à deriva para resgate posterior, já que não havia condições para fazer o transporte de corpos.
A embarcação ficou fora nas águas territoriais de Cabo Verde, mas o petroleiro deixou as coordenadas e respetivas indicações para outros navios que passarem pela região com possibilidade de fazer o resgate, disse.
"Isso agora é todo um procedimento da Polícia Marítima ou da Guarda Costeira", indicou, avançando que só há uma identificação, que diz ser do Mali, e que a polícia cabo-verdiana está a investigar e a fazer os registos.
Depois do tratamento médico e do processo de identificação, a comandante disse que será feito o repatriamento desses migrantes para os países de origem, tal como foi feito com os recentes casos de barcos que deram à costa da ilha de São Vicente.
O último aconteceu em março, com 15 migrantes, dos quais 13 malianos, um senegalês e um mauritaniano, de um grupo de 56 pessoas, que partiram da cidade portuária de Nouadhibou, na Mauritânia.
Nos últimos 18 meses, cinco barcos artesanais deram à costa em Cabo Verde com migrantes da costa ocidental de África.
"Infelizmente, são casos que estamos a ver nas notícias um pouco por todo o mundo" com três grupos a chegar em São Vicente em pouco tempo, salientou Veríssimo, para quem a "maior preocupação" neste momento é o estado de saúde dessas pessoas.