O ativismo de Paula Rego em ‘Manifesto’

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Uma figura feminina, ensimesmada, em postura defensiva, está ladeada por dois homens sem rosto, que ostentam uma broca e uma chave de parafusos.

“Interrogation” (Interrogatório) saiu da imaginação de uma jovem de 15 anos, de seu nome Paula Rego. Uma cena de pesadelo que remetia para o ambiente repressivo da ditadura de Salazar, de que Paula Rego tinha perfeita consciência. Filha de pai republicano, o engenheiro eletrotécnico José Figueiroa Rego, foi educada numa casa liberal onde a rádio BBC fazia parte do quotidiano. Adolescente, já Paula Rego era sensível às desigualdades políticas e de género.

Esse espírito de observação, que ganha contornos de ativismo ao longo da sua vida, plasmado nas telas a que deu vida, foi antecipado pelo pai, o principal instigador da sua ida para Londres. Este país não era para mulheres. Menos ainda para uma mulher como Paula Rego.

Uma ‘premonição’ acertada que levou a jovem Paula até à capital britânica para estudar na Slade School of Fine Art. Tinha 17 anos e ganas de aprender. Sobre a vida e as artes, sobre o mundo e as suas injustiças. Fixou residência na capital britânica, aí conheceu o homem da sua vida, aí viveu dissabores que verteu para as telas construindo uma obra singular, inspirada na literatura e nos tormentos do quotidiano. E, se no início da sua carreira oscilou entre o surrealismo e o abstracionismo, na maturidade primou pela representação crua e grotesca, onde coube sempre a condição feminina e a vivência tradicional portuguesa como inspiração. Desafiou a ditadura e, depois da sua queda, pugnou incansavelmente pela defesa dos direitos das mulheres através da sua arte.

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