O crescimento das startups em Portugal: um olhar sobre o futuro

2 meses atrás 76

Portugal tem testemunhado um avanço notável no setor empresarial, impulsionado pelo crescimento contínuo do setor de startups. Contudo, é necessário darmos o passo seguinte, como descentralizar o ecossistema, aumentar a atratividade de Portugal para sediar as empresas tecnológicas, incluindo os unicórnios, e apostar em formação de liderança.

Primeiro, a nossa situação atual: de acordo com o estudo “Startup & Entrepreneurial Ecosystem, 2023”, elaborado pela IDC e pela InformaDB em parceria com a Startup Portugal, existem perto de 4.000 startups mapeadas em Portugal, comprovando que no nosso país temos, de facto, um verdadeiro viveiro de inovação. Estas empresas não só introduzem novas ideias no mercado, mas também geram oportunidades de emprego reais, tendo sido criados  25 mil postos de trabalho até ao final de 2023.

Estas startups estão a transformar setores inteiros e a fomentar o crescimento económico. Não é por acaso que, de acordo com o último relatório da StartupBlink, Portugal se posiciona entre os 30 melhores ecossistemas de startups do mundo em 2024. Além disso, o Financial Times destaca duas incubadoras portuguesas, a Startup Braga e a Startup Lisboa / Unicorn Factory, entre os dez hubs mais inovadores da Europa.

Mas, na verdade, o futuro que nos aguarda é ainda mais empolgante. Não devemos apenas ambicionar um crescimento quantitativo, mas também um impacto qualitativo que tenha o potencial de transformar setores inteiros e provocar mudanças disruptivas. Por exemplo, é motivo de orgulho aexistência de seis unicórnios com ADN português (OutSystems, Feedzai, Talkdesk, Remote, SWORD Health e Anchorage), contudo, é igualmente importante referir que, a maioria deles está situada além-fronteiras e não em território nacional. Para consolidar o país como um destino atrativo para startups e unicórnios, o nosso objetivo deve passar pela criação de um ambiente atrativo para que essas empresas optem por ter a sua sede em Portugal, liderando a inovação global a partir daqui.

Neste âmbito, a implementação da nova Lei das Startups foi um importante primeiro passo por parte do governo português para tornar o nosso país mais atrativo para empresas se estabelecerem, especialmente com o novo regime fiscal para planos de stock options. No entanto, é preciso fazer mais. Especificamente para resolver a concentração das startups nos dois grandes polos nacionais: Porto e Lisboa. A presença deste tipo de empresas no resto do país é residual, salvo raras exceções.

A descentralização do ecossistema de startups é crucial para garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável. Cidades como Aveiro, Leiria, Coimbra, Faro e Évora têm potencial para se tornarem núcleos importantes de inovação e empreendedorismo. Incentivos fiscais regionais, apoio à infraestrutura tecnológica e programas de incubação localizados podem ser ferramentas eficazes para estimular o crescimento de startups fora das grandes metrópoles.

É também necessário destacar que a recente Unicorn Factory, em Lisboa, tem sido uma iniciativa promissora, que tem efetivamente ajudado estas empresas a estabelecerem-se no nosso país, tornando-se atualmente um dos principais hubs a nível nacional. Porém, esta infraestrutura não deve ser vista apenas como um local de esperança para as startups situadas na capital, mas, sim, como um íman para empreendedores de todo o país, desde o Minho até a Cova da Beira. Devemos empenhar-nos em criar um ambiente que alimente e catalise ideias inovadoras, permitindo que startups cresçam e alcancem o seu potencial em todo o território nacional.

Outro aspeto crucial é a educação e capacitação dos empreendedores. A criação de ainda mais programas de formação em áreas como gestão e liderança, desenvolvimento de produtos e captação de investimentos são fundamentais para equipar os fundadores de startups com as competências necessárias para o sucesso.

Ainda não chegou o momento (e, na verdade, talvez nunca chegue) de nos contentarmos com o que já alcançámos. O potencial das startups portuguesas é verdadeiramente ilimitado e é nossa responsabilidade coletiva transformá-lo em realidade. A nossa jornada está apenas a começar e queremos contribuir para um ecossistema cada vez mais forte e coeso. É importante continuar a acreditar no poder transformador das startups e a trabalhar incansavelmente para as ajudar a moldar o futuro.

Portugal está num ponto de inflexão no que diz respeito ao desenvolvimento do seu ecossistema de startups. O crescimento observado até agora é apenas o começo. Com um esforço concertado de todos os players envolvidos – governo, empresas, instituições de ensino e investidores – podemos transformar Portugal como um todo num verdadeiro hub de inovação global. Acreditamos no potencial das startups portuguesas e estamos determinados a apoiar o seu crescimento e sucesso. Juntos, podemos construir um futuro próspero e inovador para o nosso país.

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