O enriquecimento das pessoas tem de ser sempre uma meta

2 meses atrás 78

1. São as pessoas internas à empresa que com as suas atitudes de gestão e de relacionamento com “outras pessoas de outras empresas” fazem o estado das coisas. Se uma empresa é um conjunto de pessoas a relacionarem-se continuamente, é fundamental que essas pessoas estejam bem consigo mesmas. Ninguém pode dar algo que não tem. Ninguém pode “contribuir para a saúde da empresa se o seu interior não está saudável”.

Comentário hoje: o Governo de Portugal diz que está a governar para resolver o problema das pessoas. Oxalá mantenha o foco. Manter o foco, manter o foco, manter o foco porque, afinal, o que importa é a vida de quem vive aqui, hoje, em Portugal. E se o futuro é importante, ele começa hoje, aqui e agora.

2. Acho, convictamente, que se desenvolvermos uma cultura empresarial em que todos ganhem, naturalmente nas proporções adequadas ao risco e protagonismo na vida da empresa, as pessoas sentirão motivação pelo trabalho e, acima de tudo, gratidão pela vida.

A sociedade fica mais forte, mais saudável. E, claro, para esta cultura empresarial de partilha de riqueza com os colaboradores, é crucial efetuar um aligeiramento fiscal. É neste tema que reside o forte papel dos empresários. Junto do Governo, exigir, sem medo, sem agendas paralelas, uma reforma fiscal que permita às empresas respirar em termos de IRC e TSU. O Estado tornou-se, confortavelmente, num parasita fiscal e se os empresários nada fizerem, serão cúmplices deste assédio.

Comentário hoje: o Governo começa a anunciar uma redução de impostos. Parabéns. Tem mesmo de acontecer, mas convém garantir que esta libertação da carga fiscal terá efeitos no investimento na própria empresa e nas pessoas da empresa. Cuidado, para que a redução de impostos não tenha “canal direto para os resultados líquidos”.

3. Será que acreditamos que se o Governo baixar o IRC e a TSU, aliviando a carga fiscal das empresas, haverá trabalhadores com maior riqueza anual? Devo vincar a minha opinião de que estas contribuições, IRC e TSU, devem baixar já, aliviando a carga fiscal das empresas, independentemente do destino que cada uma lhe der. É mais do que evidente que estes valores são brutalmente altos para a realidade empresarial nacional.

Tudo isto é bom, claro, mas pode ser mau se ficar apenas por aqui. É mau se a melhoria do efeito fiscal for toda diretamente para os resultados da empresa, pois, no limite, isso significa o enriquecimento do acionista, unicamente.

As pessoas da empresa – o grosso da coluna laboral, a força produtiva de que muitos empresários se queixam que não existe ou apresenta baixa produtividade – têm aqui uma oportunidade de ver melhorada a sua motivação, o seu compromisso, a sua riqueza pessoal, a sua sustentabilidade familiar.

Comentário hoje: o Governo deve criar um mecanismo que garanta o enriquecimento das pessoas com este alívio fiscal. Reduzir a carga fiscal mas aumentar os custos com Pessoal, quer em salários, quer em prémios de produtividade. Com este alívio fiscal, há condições para que todas as empresa implementem um mecanismo de prémio variável indexado à produtividade. E que seja um bom prémio, no mínimo um salário.

4. As pessoas merecem enriquecer continuamente para terem um alívio de tensão mental relativamente às condições de vida. Ser rico para acordar todos os dias sem se preocupar com o que pode controlar e não controlar, sendo que a materialidade deve ser algo de controlável.

Somos um país seguro, agradável, com belíssimas infraestruturas. Somos um país que atrai visitantes, turistas, famílias de várias partes do mundo, mas, no essencial, debatemo-nos com um problema estrutural – somos tendencialmente pobres! É preciso que os portugueses parem de alimentar um Estado caríssimo. Pagam-se imensos impostos, essencialmente no domínio do IVA, IRS, IRC e TSU, porque o Estado é muito caro. Muito caro e muito endividado. Se o Estado fosse uma empresa estava tecnicamente próximo da falência. Não poderia viver anos e anos nesta dependência da contribuição dos portugueses.

Comentário hoje: quem vive em Portugal paga em vez de receber. Falamos mais de pagar impostos do que de receber salários ou prémio. É preciso mudar o discurso, mudar o pensamento, mudando as políticas. Há que falar mais do que se ganha, neste ou naquele trabalho, e, sim, sermos conscientes da importância de pagar impostos para ter um “saudável Estado de Direito democrático”.

5. Portugal é pequeno, economicamente. O tecido empresarial português está muito retalhado, cheio de empresas autónomas, com propriedade individual singular, muito separadas operacionalmente, concorrendo entre si em muita coisa, em quase todas as áreas. Como aumentar salários às pessoas se pertencem a empresas relativamente pequenas, desagrupadas e, ainda que tenham potencial de crescimento, não sabem como crescer, dinâmica e significativamente, neste mundo global?

Se unidos, os empresários e as suas empresas poderiam adotar estratégias de gestão integrada para compras de matérias-primas, processos administrativos, comunicações e logística, poderiam traçar sinergias comerciais internacionais e, sem perder o poder de gestão e protagonismo, os negócios poderiam ser perfeitamente autónomos, em produto, marca e marketing. A oportunidade é fantástica, as sinergias entre empresas são enormes, mas tudo isto só poderá acontecer se os empresários adotarem uma mentalidade “out of the box”.

Sei que este puzzle de empresas só torna o nosso PIB uma fraqueza mundial. Para mim, esta é a verdadeira revolução empresarial que deveria ocorrer em Portugal.
Sem algo assim não enriqueceremos as pessoas, não aumentaremos o poder de compra dos cidadãos e, dentro de 15 anos, vamos voltar a constatar que continuamos a empobrecer, apesar de trabalharmos muito. Precisamos de muita coragem, senhores dirigentes. Muita coragem e ousadia.

Comentário hoje: O Governo está a promover as fusões, graças a Deus, mas atenção! A ambição vive de mãos dadas com a humildade. Ter a humildade de fundir forças com outros empresários para que se note a ambição em ser maior. A ambição de um empresário não deve ser ter 100% de uma coisa pequena mas sim ter 30% de uma coisa grande. Isto pode ser muito virtuoso para todos, para Portugal inteiro.
É agora, senhores empresários, que se vai ver a nossa ambição.

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