Pedro Domingos é 'keynote speaker' do primeiro dia do Congresso da APDC, que arranca hoje em Lisboa, e onde abordará 'Living in a future with AI' [Viver num futuro com IA - Inteligência Artificial].
A 33.ª edição do congresso tem como mote "40 years Futurizing", no ano em que a associação comemora 40 anos de existência.
"Não há nada mais importante hoje em dia como sermos consumidores críticos da informação e o papel dos cientistas, jornalistas e dos educadores é contribuir para isso", afirma o académico, para quem a aposta na literacia digital é cada vez mais premente.
Sobre os riscos da inteligência artificial no aumento da desinformação, Pedro Domingos considera ser "uma ilusão" alguém olhar para a IA "como uma entidade em si própria".
"O que devemos ser capazes é ver através da inteligência artificial sobre quem a está a controlar" porque "o perigo não está" na IA.
De uma forma ilustrativa, o perigo "não está na metralhadora, está em quem tem a metralhadora nas suas mãos".
O importante é "perceber quem está a utilizar a inteligência artificial e para quê", aponta o académico.
O vencedor do "SIGKDD Innovation Award", o prémio mais prestigiado em 'data science', e 'fellow' da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial (AAAI) e autor do livro "Algoritmo Mestre", admite que a inteligência artificial pode ser utilizada "e já está a ser utilizada para gerar informação", o que "é mau".
Mas "o mundo já está cheio de desinformação mesmo sem inteligência artificial, as redes sociais estão cheias" disso.
Pedro Domingos destaca que "o grande papel" da IA na economia "é diminuir o custo da inteligência ou de alguns aspetos da inteligência".
Por muito que se gere desinformação, há uma capacidade finita das pessoas em reter e isso não vai aumentar, não esquecendo que também se pode "usar a inteligência artificial para combater a desinformação".
Atualmente, "o papel da inteligência artificial é vastamente maior" que a capacidade de gerar, defende o especialista e professor.
"Há milhões de pessoas a gerar desinformação e o que impede de passar" toda essa vastidão "é a inteligência artificial", sublinha.
Por isso, "o que precisamos é de mais e melhor inteligência artificial", conclui Pedro Domingos.
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