"O país inteiro foi atacado". Funcionário da ONU conta como viveu bombardeamento a Kiev

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Guerra na Ucrânia

07 fev, 2024 - 09:41 • André Rodrigues

Pelo menos uma pessoa morreu e nove ficaram feridas. Vastas zonas da capital ucraniana estão sem energia elétrica. Cerca de 20 prédios habitacionais foram atingidos em Mikolaiv: "o país tem sido atacado praticamente todos os dias", conta Rodrigo Mota, cidadão brasileiro a viver em Kiev.

O ataque das forças russas, às primeiras horas desta quarta-feira, “poderá ter sido o pior desde o início deste ano”, descreve à Renascença Rodrigo Mota, assessor do Gabinete do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas na Ucrânia.

O país inteiro foi atacado, mas aqui na capital, em Kiev, onde eu estou nesta altura, nós acordamos às 06h00 (04h00 em Portugal), com um alarme de ataque aéreo e as pessoas, naturalmente, à procura de esconderijo”, conta este cidadão brasileiro, que mora num prédio que, “felizmente, tem um abrigo”.

Entrevistado pela Renascença a partir de Kiev, Rodrigo Mota conta que, enquanto descia para a cave, conseguiu ouvir "pelo menos uma explosão bastante alta no centro da cidade”.

Kiev foi apenas um numa série de alvos de dezenas de mísseis que a Rússia lançou esta quarta-feira contra várias cidades ucranianas: em Mikolaiv, no sul do país, junto ao Mar Negro, pelo menos uma pessoa morreu, nove ficaram feridas e cerca de 20 prédios habitacionais foram atingidos pelos bombardeamentos.

Também em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, há relatos de destruição.

"Não devemos esperar pelo fim da guerra" para reconstruir a Ucrânia

Tem sido sempre assim, ao longo das últimas semanas, o país tem sido atacado praticamente todos os dias”, refere este funcionário das Nações Unidas que contraria a perceção instalada de que a situação humanitária na Ucrânia é menos grave do que noutras alturas do conflito com a Rússia.

“Apesar de a Ucrânia não fazer as manchetes dos jornais como fazia, ainda há 15 milhões de pessoas que precisam de algum tipo de ajuda humanitária aqui no país. E para quem acha que a situação está a melhorar, é precisamente o contrário: tivemos mais 12 mil bombardeamentos registados em 2023 do que em 2022”, detalha.

À hora em que a Renascença conversou com Rodrigo Mota, os alarmes antiaéreos estavam em silêncio: “gostaria de dizer que as coisas iam ficar assim o dia todo, mas o dia ainda agora começou”, confessa resignado.

"Neste momento, estou no meu escritório. Cheguei bastante atrasado e o escritório está parcialmente vazio porque, obviamente, muitas pessoas ainda estão a caminho... é uma situação realmente disruptiva, para dizer o mínimo... é bastante crítica”, remata.

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