Eis o que se sabe sobre os confrontos entre soldados israelitas e combatentes palestinianos neste complexo, no sexto mês da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em solo israelita, a 07 de outubro.
Início das hostilidades
Por volta das 03:00 locais (01:00 em Lisboa) de segunda-feira, o exército israelita anunciou o lançamento de uma "operação dirigida" contra o complexo hospitalar de al-Shifa, no bairro de Al-Rimal, na cidade de Gaza (norte), com base em "informações que indicam que está a ser utilizado por terroristas de alta patente do Hamas".
Testemunhas confirmaram à agência France-Presse (AFP) os ataques aéreos contra Al-Rimal e a chegada de várias dezenas de tanques e veículos militares israelitas à zona.
O exército lançou panfletos apelando à retirada da população da zona. Um jornalista da AFP viu centenas de pessoas a fugir.
Milhares de pessoas que tinham fugido dos combates refugiaram-se no complexo hospitalar. De acordo com os relatos de testemunhas recolhidos pela AFP, muitas delas ainda lá se encontram.
Em novembro, o exército levou a cabo uma operação semelhante em al-Shifa. O exército acusa o Hamas de utilizar o hospital como centro de comando e publicou vídeos que mostram armas e dinheiro que, segundo o exército, foram apreendidos no local.
Combates mortais
Os soldados israelitas estão a combater dentro e à volta do hospital, informou o exército através de imagens.
O exército israelita afirmou hoje ter matado "mais de 140" combatentes palestinianos desde segunda-feira.
As autoridades do Hamas responsabilizaram o exército israelita pela morte de "dezenas de pessoas deslocadas, doentes e pessoal médico", sem indicar um número exato, algo que as forças israelitas negaram.
"Nenhum civil, médico ou membro das equipas médicas ficou ferido", declarou hoje o porta-voz do exército, contra-almirante Daniel Hagari.
De acordo com testemunhas, os combates causaram uma destruição considerável.
Uma paciente de 42 anos da enfermaria de medicina interna que não quis dar o seu nome, disse hoje à AFP que os ataques noturnos tinham como alvo a parte do hospital onde ela estava internada.
"Somos centenas de mulheres, crianças e bebés e não temos água nem comida", disse, acrescentando que lhes era impossível ir à casa de banho.
O exército afirmou ter fornecido alimentos e água.
Detenções e interrogatórios
De acordo com Daniel Hagari, as tropas israelitas "prenderam até agora mais de 250 terroristas identificados do Hamas e da Jihad Islâmica" e 350 outras pessoas suspeitas de estarem "ligadas ao terrorismo" estão a ser interrogadas.
A mesma paciente relatou à AFP que, na segunda-feira, os soldados israelitas levaram "todos os homens e jovens com mais de 16 anos, mesmo os feridos" e os conduziram para o pátio do hospital, sem roupa.
"Atingiram-nos com as espingardas e dispararam contra eles", disse.
Um doente de 60 anos que também não quis dar o seu nome disse que ele próprio tinha sido "levado para o exterior, sem roupa" e "vendado" para ser interrogado antes de ser libertado.
"Bateram em todos os jovens e prenderam-nos", disse à AFP.
"Pressionar"
Esta operação foi lançada no dia em que uma delegação israelita foi enviada a Doha para negociar um acordo de tréguas e a libertação dos reféns israelitas detidos em Gaza.
O chefe do Estado-Maior de Israel, Herzi Halevi, disse hojr que a operação era "também muito importante para pressionar as negociações".
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, por outro lado, acusou na terça-feira Israel de querer "sabotar" as conversações ao lançar esta operação.
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