OPINIÃO | Resolução de problemas

2 meses atrás 58

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

Hoje temos um artigo com caráter transversal, passando pela educação e pelo futebol, com fronteiras pouco definidas entre esses dois mundos. O título indica o caminho de uma das novas modas usadas na avaliação, através do domínio da “resolução de problemas”, que é precisamente um dos principais itens em permanente avaliação no trabalho de Daniel Sousa. E, mesmo que o treinador brácaro não elabore grelhas para avaliação, esta surgirá de vários quadrantes, especialmente quando os resultados não forem os esperados.

Os critérios de avaliação das escolas têm bem presente esse domínio da “resolução de problemas”, que assume um caráter transversal às diferentes disciplinas, sendo aplicado de forma diferenciada em todas elas em função da respetiva especificidade. Depois juntam-se mais domínios e descritores que tornam os documentos labirínticos de difícil compreensão, para os diferentes membros das comunidades escolares. E só não digo educativas porque há variação, por vezes considerável, entre as diversas escolas. Modernices deste novo “eduquez”, onde cada político tenta deixar a sua marca, sem pensar no objetivo principal de serem elaborados documentos que sejam de fácil compreensão e indiquem o caminho, a alunos e encarregados de educação, sobre o que fazer com vista à consecução de objetivos individuais.

Voltando ao mundo da bola no que ao SC Braga diz respeito, Daniel Sousa e os seus pares cedo começaram a definir critérios avaliativos que sejam entendidos por si, mas também pelos jogadores, para que cada atleta saiba, com rigor aproximado, o que deve fazer para atingir os seus objetivos. Eu acredito que todos queiram jogar sempre, de preferência no onze inicial, mas isso é impossível porque sobram muitos atletas dos extensos plantéis formados, em resposta à densidade competitiva das equipas. A bem da construção de um balneário saudável, onde se respire bem e em que todos remem para o mesmo lado em prol do coletivo, espero que os critérios sejam claros e fáceis de entender e que sejam bem aplicados na prática. O futebol, enquanto modalidade coletiva, privilegia o coletivo em busca de uma fortaleza que supere de modo inequívoco a simples soma dos valores individuais, uma vez que não se pode esperar que a sorte resolva os problemas que vão surgindo de modo regular. É que essa fortuna pode acontecer algumas vezes, mas não substitui o trabalho que deve ser desenvolvido com competência, em busca dos sucessos que estão sempre no horizonte de quem trabalha para os atingir.

A construção do plantel nos tempos atuais revela-se uma tarefa mais exigente do que no passado, uma vez que anualmente são transacionados jogadores para outras paragens a troco de uma estabilidade financeira que qualquer pessoa sensata deseja. Não pode valer tudo para tentar ganhar, nem hipotecar o futuro para isso, uma vez que entre o tentar e o conseguir existe, por vezes, um caminho excessivamente longo e de difícil ultrapassagem. Foi neste contexto que de Braga partiram alguns jogadores e chegaram outros com vista à sua substituição, se possível num contexto valorativo que promova de modo contínuo os vários elementos do plantel.

As equipas atualmente trabalham longe dos olhares indiscretos e longe vão os tempos em que se dizia “vamos ao primeiro de maio ver o treino de conjunto”, dado que as portas estavam sempre abertas. Contrastes criados pelo decurso dos tempos, pois, tal como a educação, o futebol também mudou muito, umas vezes para pior e outras para melhor, felizmente.

Os locais de estágio de pré-época são escolhidos de forma a tirar o grupo de trabalho do seu local de conforto, promovendo a integração dos novos elementos e um conhecimento mais aprofundado entre todos, ao mesmo tempo que se prepara a entrada em competição de modo paulatino e progressivo, espero eu, na procura da aquisição de competências valiosas para esse efeito. 

Em jeito de conclusão, por hoje, faço votos para que o trabalho preparativo do SC Braga tenha sido bem planeado e seja bem aplicado na prática, buscando a tal “resolução de problemas” que este texto aborda. É que nas bancadas estarão os braguistas prontos a juntar-se aos esforços individuais dos jogadores de forma que se consiga um coletivo forte, capaz de responder às exigências, que serão muitas e diversificadas.

Deixemos, então, rolar a bola e que ela seja capaz de encontrar o caminho das balizas na tradução do trabalho diário efetuado.

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