Oposição venezuelana critica expulsão pelo Governo de equipa de Direitos Humanos da ONU

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A Venezuela suspendeu na quinta-feira as atividades de assessoria do alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, alegando posições "claramente parciais e tendenciosas", e deu 72 horas aos funcionários para abandonarem o país.

O anúncio foi feito através de um comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores venezuelano, no qual adiantou vai "proceder a uma revisão na íntegra dos termos de cooperação técnica".

A presidente do partido Encontro Cidadão, Delsa Solórzano, alertou que "a ditadura não quer a supervisão de organizações internacionais" no país.

"A expulsão é extremamente grave e demonstra o estado de indefensabilidade em que nos encontramos perante um regime acusado de cometer crimes contra a humanidade e de violar sistematicamente os Direitos Humanos dos seus cidadãos. É por isso que estamos a fazer um alerta internacional ao mundo democrático", disse a também ex-deputada na rede social X.

O partido Voluntad Popular (VP, oposição) afirmou que "a ditadura, investigada por crimes contra a humanidade, expulsa agora o gabinete da ONU que documenta no terreno a situação dos Direitos Humanos" do país.

"Alertamos o mundo para a indefensabilidade em que se encontram os partidos políticos, as organizações de direitos humanos e a sociedade civil, perante esta situação", escreveu o partido no X.

Juan Pablo Guanipa, do partido Primeiro Justiça (PJ), disse entender que a expulsão é "uma grave afronta às vítimas de violações sistemáticas".

Exilado na Colômbia, o ex-deputado Júlio Borges, também do PJ, acusou o Presidente Nicolás Maduro de "tentar sair da rota eleitoral de 2024".

O ex-deputado Miguel Pizarro alertou que a decisão "procura isolar o país da vigilância internacional".

O ministro de Relações Exteriores da Venezuela voltou hoje a acusar do alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos de violar "princípios fundamentais no seu trabalho e assumir uma posição parcial perante graves factos como a tentativa de magnicídio e os planos frustrados para varrer as instituições venezuelanas e a paz dos venezuelanos".

Na sua conta no X, o ministro Yvan Gil sublinha que "toda cooperação com a República Bolivariana da Venezuela deve ter como objetivo fortalecer as instituições públicas e não o seu descrédito com intenção de tutelá-las".

Entretanto, a Colômbia anunciou que está a usar "canais diplomáticos muito moderados e discretos" de diálogo com a Venezuela.

Em declarações aos jornalistas, o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, explicou que esses canais "têm oferecido a possibilidade de chegar a acordos" sobre a decisão de Caracas de expulsar os funcionários do gabinete de Volker Türk.

Na X, o subsecretário dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian A. Nichols, referiu-se à decisão de Caracas como "alarmante", sublinhando que "a intimidação crescente das vozes dissidentes agrava a crise humanitária, política e económica na Venezuela".

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