Órban acusa União Europeia de tratar agricultores de forma injusta

7 meses atrás 52

"Não é justo para os agricultores europeus que, enquanto Bruxelas impõe regras que tornam a produção cada vez mais cara, permita a entrada de produtos agrícolas de países onde essas regras não se aplicam", disse Viktor Orbán, esta sexta-feira, em Budapeste.

O primeiro-ministro húngaro tinha afirmado, na quinta-feira, à margem da cimeira da União Europeia, que tinha contactado com agricultores que protestavam em Bruxelas, perto do hotel onde ficou instalado, "na sua maioria espanhóis".

Orbán referiu que a produção dos agricultores europeus está a tornar-se cada vez mais cara e que "desta forma" não podem competir.A Comissão Europeia tenciona apresentar nas próximas semanas uma proposta destinada a reduzir os encargos administrativos dos agricultores, uma das exigências do setor.


"Os produtos ucranianos, por exemplo, não deveriam ser autorizados a entrar", afirmou o líder da extrema-direita húngara, que mantém uma relação tensa com a vizinha Ucrânia.

Segundo Orbán, os agricultores com quem falou em Bruxelas pediram aos responsáveis polacos, eslovacos e húngaros que bloqueassem ou impedissem o transporte de produtos ucranianos.

Orbán acrescentou que, no Conselho Europeu, "houve um grande debate sobre este assunto e muitos apelaram à Comissão (Europeia) para que deixasse de aplicar estas regras".

Os agricultores de muitos países da União Europeia, de Espanha e França à Alemanha e Roménia, protestam contra o aumento dos custos de produção e contra os acordos de comércio livre da UE com outras regiões que oferecem preços mais baixos. Os protestos ocorreram também em Portugal.

Apoio de 50 mil milhões de euros à Ucrânia

Os líderes da União Europeia concordaram unanimemente em estender 50 mil milhões de euros em nova ajuda à Ucrânia, enviando uma mensagem aos Estados Unidos, onde se abriu uma divisão sobre se deve continuar a apoiar Kiev na sua luta contra a invasão da Rússia.


O acordo foi surpreendentemente rápido após semanas de resistência da Hungria, que se recusou a enviar armas para a Ucrânia desde o início da guerra, a 24 de fevereiro de 2022, e cujas relações com a Ucrânia foram prejudicadas por tensões sobre o tratamento de cerca de 150 mil húngaros étnicos que vivem no oeste da Ucrânia, onde, segundo Budapeste, não são respeitados.

Esta sexta-feira, Viktor Orbán acusou a União Europeia de ter negociado entregar fundos da Hungria à Ucrânia, caso não tivesse chegado a um acordo com Budapeste durante a cimeira europeia.

"Sem o acordo, havia um perigo real de a União Europeia nos tirar o dinheiro e dá-lo à Ucrânia", disse Orbán à estação de rádio pública húngara Kossuth.

Para Orbán, o acordo de Bruxelas "foi um sucesso" para Budapeste, uma vez que recebeu garantias de que "não darão a outros" os fundos correspondentes à Hungria.
A ajuda à Ucrânia (33 mil milhões em empréstimos e 17 mil milhões em subvenções ao longo de quatro anos) está incluída numa extensão do orçamento da UE até 2027.
"Se este acordo não tivesse sido alcançado e a Hungria tivesse continuado a usar o seu direito de veto, então 26 Estados-Membros teriam concordado em enviar o dinheiro para a Ucrânia, e teriam retirado os fundos destinados à Hungria e enviado também para a Ucrânia - porque é que isso teria sido bom?", questionou.

O primeiro-ministro húngaro é o principal aliado da Rússia do bloco europeu, com a qual mantém relações amistosas, apesar da invasão da Ucrânia.

Nas declarações à estação de rádio pública húngara, Orbán acusou Bruxelas de viver "numa febre de guerra" e reiterou que a Hungria foi deixada sozinha "na defesa da paz".

"Na discussão, tanto Bruxelas como nós temos instrumentos, mas é melhor chegar a um acordo do que discutir", defendeu o primeiro-ministro, referindo-se aos contactos antes da cimeira sobre o apoio financeiro à Ucrânia.

Viktor Orbán revelou ainda que Budapeste não está a enviar “armas [para a Ucrânia], recebemos o nosso dinheiro de Bruxelas e vamos contribuir para o financiamento civil da Ucrânia."Orbán reiterou ainda que devem ser iniciadas conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, uma vez que já passaram dois anos desde o início da guerra e que "o tempo está do lado dos russos".

Em todo o caso, o Governo de Budapeste continua a não receber de Bruxelas cerca de 12 mil milhões de euros de fundos comunitários, devido à recusa em garantir o Estado de direito na Hungria.

A Comissão Europeia bloqueou o pagamento de cerca de 22 mil milhões de euros de fundos regionais à Hungria por incumprimento da Carta Europeia dos Direitos Fundamentais, mas em dezembro de 2023 desbloqueou 10,2 mil milhões de euros após alterações legislativas em Budapeste.

Os milhões de euros em fundos europeus continuam retidos devido às preocupações de Bruxelas sobre o respeito pelos direitos das pessoas LGBT+, a liberdade académica e o direito de asilo na Hungria. Estes fundos incluem os do plano de recuperação pós-covid.

c/ agências internacionais

Ler artigo completo