Orquestra de Costa vai tocar até ao fim: “Nada pode parar”

9 meses atrás 61

8 dezembro 2023 19:52

estela silva

Primeiro-ministro passou dois dias no Porto a mostrar que quer deixar obra. Mesmo que seja só a primeira pedra

8 dezembro 2023 19:52

A imagem é um clássico do cinema: o navio de cruzeiro “Titanic” embate contra um icebergue, mas o naufrágio não é imediato. Enquanto uns se tentam salvar e outros assumem o fim, os elementos da orquestra continuam a tocar no convés. Um dia antes de Marcelo Rebelo de Sousa formalizar a exoneração do Executivo, o Governo esteve em peso no distrito do Porto a mostrar obra atrás de obra. Foram mais de 50 iniciativas, entre assinaturas de protocolos, pré-inaugurações de projetos do PRR, passeios na rua, viagens de metro e retoques finais na “verdadeira reforma do Estado”, que António Costa entende ser a descentralização e a regionalização das CCDR. No derradeiro minuto, e já depois de ter terminado o último Conselho de Ministros antes de o Governo entrar em gestão corrente, o primeiro-ministro ainda encontrou um furo na agenda para encaixar mais uma sessão de assinatura de um acordo de cooperação com o sector social. “Por muito habituados que estejamos à turbulência, o fundamental é não parar”, disse num dos cinco discursos que fez só no dia de quarta-feira.

A partir desta sexta-feira, o Governo fica com poderes constitucionais limitados até haver novo elenco governativo. Mas faltam, pelo menos, três meses para isso acontecer, e nem isso parece travar o primeiro-ministro demissionário. “É preciso continuar, nada pode parar”, foi repetindo no Porto, referindo-se sobretudo aos investimentos programados do PRR, com marcos e metas apertados, enquanto admitia que estava a lançar sementes de obra (com prazos até 2026) cujos frutos ficariam para outros colher. Mariana Vieira da Silva, no briefing do Conselho de Ministros, sugeriu mesmo que, até março, muita água ainda ia correr debaixo do chapéu das “decisões consideradas inadiá­veis e urgentes”.“O Governo tomará as decisões que entender tomar como inadiáveis, em articulação com o líder do PSD e com o Presidente da República”, afirmou, incluindo aqui tudo o que dependa de fundos comunitários. É o mesmo que dizer que, na prática, o Governo ainda pode fazer tudo.

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