Os negócios da China

3 meses atrás 73

A guerra comercial entre os EUA e a China foi a causa principal de alterações significativas no perfil do comércio externo entre os dois países. A pandemia, os estrangulamentos logísticos e as tensões geopolíticas levaram a uma menor interdependência entre estas duas economias, mas isso não se tem traduzido na deterioração da balança comercial chinesa, pelo contrário.

Desde o final da crise financeira, em 2009, até à introdução de tarifas em meados de 2018, o défice comercial dos EUA com a China só tinha um sentido. Partiu dos 225 mil milhões (MM) de dólares no acumulado de 12 meses no início de 2010 para 418 MM. em dezembro de 2018.

Dados mais recentes mostram uma forte redução para perto dos 275 MM de dólares, mínimos de oito anos. Os EUA estão menos dependentes da China, preferindo outros parceiros comerciais como a Europa, países ASEAN, e, sobretudo, o México. O fenómeno do nearshoring é evidente nas contas internacionais: o défice comercial mensal dos EUA com o México passou de 6 MM para 15 MM de dólares de 2018 até agora.

Poder-se-ia pensar que, desta forma, os EUA estivessem a infligir um castigo pesado à China. Em parte, é verdade porque há mais limitações na importação de tecnologia e exportação de produtos com valor acrescentado, mas o superavit da balança comercial chinesa não para de aumentar e é agora mais do dobro do que se registava em 2018. A China conseguiu-o sobretudo através da diversificação.

O comércio com os EUA diminuiu, mas cresceu com quase todas as restantes regiões do globo. E, se por exemplo, a Alemanha já não compra tanto à China, o comércio com a Rússia substituiu esse cliente. Além disso, a China também foi mudando o perfil das exportações. Desde 2018, nota-se uma diminuição do peso dos têxteis e da maquinaria, mas um incremento dos metais de base e, desde 2021, das exportações de veículos elétricos.

Há mais dois aspetos a destacar. Por um lado, a China tem vindo a internalizar as cadeias de produção. Em 2006, 40% das exportações chinesas eram constituídas por bens importados. Atualmente, essa percentagem é apenas de cerca de 11%.

Este facto, por si só, reduz o volume do comércio externo, porque o mesmo produto final deixa de ser contabilizado em uma ou mais transações com o exterior.  O que leva ao outro aspeto relevante: o comércio externo tornou-se menos importante: pesava 65% do PIB chinês em 2007 e agora apenas 33,8%, sendo que esse rácio tem estabilizado desde 2015.

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