Países querem reforçar apoio à recuperação do património da Ucrânia

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A decisão foi tomada hoje, por iniciativa da Lituânia, numa reunião realizada em Vilnius, e o plano gizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO) conta com a consulta a mais de 40 instituições internacionais e ucranianas, divulgou a organização internacional.

"Não pode haver cura das feridas da guerra sem cultura. Não pode haver crescimento sustentável e prosperidade sem cultura. Este tem sido o objetivo do trabalho da UNESCO na Ucrânia desde fevereiro de 2022. É por isso que o compromisso assumido hoje por quase trinta dos nossos Estados-Membros ficará para a história", declarou Ernesto Ottone R., diretor-geral adjunto da Cultura da UNESCO, segundo o comunicado divulgado.

A Conferência Internacional para a Recuperação do Património Cultural da Ucrânia realizou-se hoje em Vilnius, na sequência de uma proposta do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante o seu encontro com a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.

Desta reunião, na capital lituana, resultou um compromisso conjunto por 29 Estados-membros, de diferentes geografias - América do Norte, Ásia e Europa, não incluindo Portugal -, para aumentar o seu apoio aos artistas e profissionais da cultura na Ucrânia, proteger e restaurar locais e revitalizar a vida cultural através da coordenação da UNESCO, lê-se no comunicado.

Na quinta-feira, o número de locais culturais danificados ou destruídos pela guerra, verificados pela UNESCO, ultrapassou os 400, contando-se, entre eles, 191 edifícios de interesse histórico e artístico, 137 locais religiosos, 31 museus, 25 monumentos, 15 bibliotecas e um arquivo.

Os primeiros projetos de consolidação e restauro, segundo a UNESCO, foram iniciados "nos últimos meses" sob sua coordenação, nomeadamente em Kiev e Odessa, mas as "necessidades financeiras para prosseguir este trabalho são imensas", segundo uma avaliação deste organismo das Nações Unidas, publicada em fevereiro passado, que situava os encargos num valor médio anual de 680 milhões de dólares (perto de 625 milhões de euros), até 2033.

A UNESCO realça que, "além dos danos físicos, uma proporção significativa das atividades culturais e artísticas foi interrompida e muitos artistas não conseguiram criar ou trabalhar, levando a um declínio acentuado nos seus meios de subsistência".

"Dado que a Ucrânia não pode satisfazer estas necessidades sozinha, é vital um envolvimento crescente da comunidade internacional", assinala a UNESCO.

O compromisso assumido pelos países em Vilnius "constitui um marco importante, especialmente porque é acompanhado por um plano concreto a médio e longo prazo, elaborado ao longo dos últimos meses pela UNESCO em consulta com as autoridades ucranianas, e mais de 40 organizações nacionais e internacionais".

O plano é composto por seis áreas de ação: monitorização, avaliação e documentação de danos ao património cultural; medidas preventivas e urgentes, reparação, reconstrução e recuperação do património cultural; renascimento das instituições culturais e de educação cultural; fortalecimento das indústrias culturais e criativas, e fortalecer a resiliência através da cultura; transformação digital do setor cultural, o que "ajudará a priorizar as intervenções e a garantir a coordenação eficaz dos esforços internacionais", lê-se no mesmo documento.

Os países participantes na Conferência de Vilnius concordaram reunir-se novamente nas próximas terça e quarta-feira "para trabalhar no desenvolvimento deste plano de ação", durante a Conferência de Recuperação da Ucrânia a realizar-se em Berlim.

Estes países são Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Estados Unidos, Estónia, Georgia, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Noruega, Países Baixos, Polónia, República Checa, Reino Unido, Roménia, Suécia e Suíça.

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