Para que a Terra não esqueça: vêm aí as memórias de Navalny

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Livro que o dissidente russo preparou em segredo antes da sua morte é um dos lançamentos mais aguardados do ano

A publicação de Patriota, as memórias de Alexei Navalny, pela Ideias de Ler será seguramente um dos acontecimentos editoriais do ano. A infância, a descoberta da política e as tentativas de assassínio são alguns dos ingredientes deste livro, envolto em secretismo e preparado pelo dissidente russo antes da sua morte a 16 de fevereiro numa colónia prisional siberiana. O lançamento mundial está agendado para 22 de outubro.

Esta foi uma das novidades apresentadas pelo Grupo Porto Editora para a rentrée. Também no campo da não-ficção, destaque para Desejo (Albatroz), uma coleção de centenas de cartas onde mulheres anónimas descrevem as suas fantasias sexuais e amorosas. A ideia partiu da atriz Gillian Anderson (Ficheiros Secretos), autora de uma das missivas.

Menos animadora será a reflexão proposta pelo especialista em história militar Victor Davis Hanson em O Fim de Tudo (Ideias de Ler), que reconstitui a aniquilação de poderosas civilizações como Tebas, Cartago e Tenochtitlan. Será a nossa capaz de escapar a esse destino? Igualmente inquietante, Co-Inteligência, de Ethan Mollick (Ideias de Ler), sobre o poder da Inteligência Artificial, promete tirar o sono a quem o ler.

No capítulo da ficção, outubro é o mês do lançamento de Autobiografia não escrita de Martha Freud, de Teolinda Gersão (Porto Editora), que parte da correspondência de Sigmund Freud e da sua noiva para revelar as facetas menos conhecidas do ‘pai da psicanálise’; e de O Osso de Prata (Porto Editora), situado na Kiev de 1919 e repleto de «humor negro» – o autor é Andrei Kurkov, porventura o mais aclamado escritor ucraniano da atualidade.

Já nas livrarias encontram-se Inyenzi ou as Baratas, de Scholastique Mukasonga (Livros do Brasil), uma sobrevivente do massacre do Ruanda, que em cem dias fez perto de um milhão de mortos; As Palavras (Livros do Brasil), o testemunho de Jean-Paul Sartre sobre a sua relação com a escrita e os livros, que começou na biblioteca do seu avô; e O Inquieto Verbo do Mar: Poesia Reunida de Sebastião da Gama (Assírio & Alvim). Como explicou o editor Vasco David, seria impossível reunir a obra poética completa deste autor pelo simples facto de ele oferecer muitos poemas e manuscritos a amigos. A Assírio & Alvim vai ainda publicar o segundo volume de poemas de Pedro Homem de Mello, Terra Estéril (Wasteland), o famoso poema de T.S. Elliot publicado na ressaca da Grande Guerra, e uma História do Surrealismo, da autoria de Maurice Nadeau, que terá sido contrabandeada por O’Neill ou Cesariny e que se revelaria decisiva para o eclodir do surrealismo em solo português. 

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