Partidos sul-africanos fecham campanha mais importante em 30 anos

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Apoiantes do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), que governa o país desde o fim do domínio da minoria branca em 1994, reuniram-se num estádio de futebol em Joanesburgo para ouvir um discurso do líder do partido e Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, com 71 anos.

O ANC, que enfrenta uma pressão sem precedentes para manter a sua maioria parlamentar na maior economia de África, tem vindo perder o apoio eleitoral ao longo das últimas duas décadas, e as eleições gerais da próxima quarta-feira podem revelar-se um momento marcante, se o partido outrora liderado por Nelson Mandela -- como apontam várias sondagens - descer abaixo dos 50% dos votos nacionais pela primeira vez, obrigando-o a coligar-se para governar.

Milhares de apoiantes vestidos com as cores preta, verde e dourada do ANC ouviram hoje Ramaphosa reconhecer algumas das queixas dos sul-africanos, nomeadamente relativas aos elevados níveis de pobreza e desemprego, que afetam principalmente a maioria negra do país. "Temos um plano para pôr mais sul-africanos a trabalhar", prometeu o Presidente.

O maior partido da oposição, a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), realizou um comício na Cidade do Cabo, a segunda maior cidade da África do Sul e o seu bastião, onde o seu líder, John Steenhuisen, perguntou aos seus apoiantes se "estão prontos para a mudança".

Apesar de o apoio do ANC ter diminuído em três eleições nacionais sucessivas e parecer que vai continuar a diminuir, ainda não surgiu nenhum partido para o ultrapassar - ou mesmo para o desafiar -- e isso não deverá acontecer também nestas eleições, ainda que a perda da maioria absoluta represente a mais clara rejeição do partido que esteve na vanguarda do movimento anti-apartheid e a quem se atribui a condução dos sul-africanos à liberdade.

A África do Sul, um país com 62 milhões de pessoas, luta contra a pobreza, desemprego elevado, alguns dos piores níveis de desigualdade do mundo e outros problemas como a corrupção, criminalidade violenta e falta de serviços públicos básicos em muitos locais.

Os persistentes fracassos do ANC levaram a que muitos dos seus apoiantes se tivessem dispersado ao longo das duas últimas décadas por uma série de diferentes partidos da oposição, alguns deles novos, resultando num total de 52 partidos registados para disputar as eleições da próxima quarta-feira.

Os sul-africanos votam em partidos e candidaturas independentes, num sistema eleitoral proporcional, e não diretamente no seu presidente, que é eleito pelo parlamento para um mandato de cinco anos.

Se o ANC não eleger, pelo menos, 201 dos 400 deputados, precisará de um acordo com um ou mais partidos para reeleger Ramaphosa, outrora um protegido de Mandela, para um segundo e último mandato.

Os Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla inglesa), de extrema-esquerda, tiveram a sua última grande reunião antes das eleições na cidade de Polokwane, no norte do país, a cidade natal do seu líder, Julius Malema.

"O povo da África do Sul deve decidir se quer desemprego", disse Malema aos seus apoiantes.

O MK (uMkhonto we Sizwe -- nome da ala militar do ANC durante a luta contra o apartheid, partido fundado no início deste ano por Jacob Zuma, entretanto considerado inelegível para a Presidência na semana passada pelo Tribunal Constitucional sul-africano), reuniu os seus apoiantes num município nos arredores da cidade de Durban, na costa leste. Zuma não participou no evento, mas a sua filha, Duduzile Zuma-Sambudla, discursou no comício, onde os seguidores do MK entoaram cânticos: "Foge, Ramaphosa, foge".

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