Paulo Macedo: “Não há razões para temer uma vaga de incumprimentos no crédito”

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Paulo Macedo salientou que há elementos favoráveis a ter em conta, como a força do mercado de trabalho, o facto de os preços das casas não terem diminuído e o “loan to value” praticado na banca portuguesa, que tornam pouco provável uma “ocorrência em massa de restruturações” de crédito.

O presidente da CGD afirmou hoje que o aumento das imparidades registada no ano passado – de mais 649 milhões de euros – explica-se com uma abordagem “preventiva” face à situação macroeconómica, mas considera que não existem razões para temer um aumento significativo do crédito malparado. E lembrou que uma parte significativa dessas imparidades – cerca de 83 milhões de euros – deveu-se à necessidade de reconhecer responsabilidades a nível de pré-reformas de funcionários.

“Constituímos uma parte para riscos de crédito e no outro para encargos com pessoal”, disse Paulo Macedo, explicando que a Caixa tem “centenas de pessoas que todos os anos se inscrevem para pré-reforma” a partir dos 55 anos. “É preciso constituir uma provisão para esse factor”, acrescentou o presidente da Caixa na conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco público.

Segundo a apresentação de resultados anuais da CGD, as imparidades para o risco de crédito ascenderam a 273 milhões de euros em 2023.

“Relativamente ao custo do risco, temos cerca de 29 pontos, inferior a outros bancos mas superior ao ano de 2022, porque felizmente nós temos indicações de algumas dificuldades de algumas entidades em cumprir os seus compromissos, mas de valor muito pequeno e de poucos dias. Há restruturações (de crédito) e os bancos tiveram uma atitude pró-ativa”, disse o presidente da CGD, referindo que em termos de questões de incumprimento “há uma elevada incerteza”, até porque pode haver uma recessão na Europa, “embora pequena”.

Porém, apesar de algumas dificuldades por parte de algumas empresas com custos de energia, transportes, salários e encargos com juros, “a resiliência da economia portuguesa tem sido positiva”, notou o presidente da CGD, pelo que “não há razões para temer uma vaga de incumprimentos”.

Paulo Macedo acrescentou que há boas notícias a ter em conta, como a força do mercado de trabalho, o facto de os preços das casas não terem diminuído e o loan to value praticado na banca portuguesa tornam pouco provável uma “ocorrência em massa de restruturações” de crédito.

O presidente da CGD notou ainda que em 2023 houve um aumento das amortizações no crédito à habitação, porque muitas famílias optaram por liquidar os créditos. “Obviamente temos pena que tenham ocorrido as amortizações, mas por outro lado compreendemos e é uma boa notícia as famílias deixarem de ter essa dificuldade com as taxas elevadas”, frisou, mostrando-se esperançoso de que dentro de três meses as taxas comecem a descer.

Venda de certificados de aforro tem de ser “bem analisada”

O presidente da CGD afirmou hoje que a possibilidade de os bancos venderem certificados de aforro nos seus balcões é positiva, mas mostrou-se cauteloso.

“Não podemos esquecer que os bancos já tiveram problemas de liquidez. E vem aí o euro digital, que pode causar dificuldades a esse nível”, disse Paulo Macedo na apresentação de resultados da CGD, que decorre esta tarde na sede do banco público, em Lisboa. A Caixa registou um lucro recorde de 1,291 mil milhões de euros no ano passado, devido à duplicação da margem financeira, devido à subida das taxas de juro.

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