Pedrógão, sete anos depois. "Estamos sempre com a espada em cima da cabeça"

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Incêndios

17 jun, 2024 - 12:17 • André Rodrigues

Associação das vítimas dos incêndios de 2017 lamenta que pouco se tenha feito pela salvaguarda dos terrenos e avisa que, se voltar a haver um verão quente como o de 2017, o potencial de catástrofe pode voltar a colocar Pedrógão Grande aos olhos do país pelas piores razões.

Sete anos depois dos grandes incêndios em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, a Associação das Vítimas admite que há um forte potencial de repetição da catástrofe, "não com o mesmo número de vítimas", mas com sérios impactos ao nível da floresta e do território.

"Se for só um dano florestal, ficaremos muito satisfeitos", reconhece Dina Duarte, que considera que, caso estejam reunidas condições climatéricas semelhantes às de 17 de junho de 2017, tudo pode voltar a acontecer.

O problema, diz, é que "não se fez uma boa gestão do território", porque só muito poucos proprietários da região fizeram as intervenções necessárias de limpeza e de salvaguarda dos terrenos.

Mesmo esses, "se o vizinho do lado não tiver limpado os seus terrenos, vai incendiar tudo na mesma... não há milagres... estamos sempre com a espada em cima da cabeça, porque, a qualquer momento, num qualquer dia de verão quente, isso pode voltar a acontecer".

Telecomunicações continuam a ser um problema

Por outro lado, a falta de comunicações estáveis continua a ser um dos principais problemas. Dina Duarte refere que "sete anos depois, não faz sentido" que essa limitação ainda não tenha sido ultrapassada, porque, "cada vez mais, o socorro está à distância de uma chamada e se eu não conseguir efetuar essa chamada, eu nunca vou ter o socorro".

Considerando que a população em Pedrógão - e na generalidade do interior do país - é bastante envelhecida, "se um filho que esteja longe, quiser falar com os seus pais e não tiver forma de os contactar, obviamente ficará em pânico".

Outra das promessas de que muito se fala, mas sem qualquer expressão visível no terreno "é a criação de emprego, sobretudo para os mais jovens, para que eles não continuem a sair daqui para o país ou para outros países".

O processo de intenções foi desencadeado logo após os incêndios de 2017, mas, "para um início de processo, sete anos depois, é muito tempo".

"Somos um país que gosta de papéis e de burocracia e de planos e de aprovações de projetos. Mas um país não pode viver de projetos a seis ou sete anos", remata.

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