Polícia do Maine poderia ter evitado tiroteio de outubro, diz relatório

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As autoridades do estado norte-americano do Maine tinham provas suficientes para apreender as armas do reservista do Exército Robert Card um mês antes de o homem de 40 anos matar 18 pessoas a tiro em Lewiston, em outubro, segundo um relatório de uma comissão independente divulgado na sexta-feira. O Gabinete do Xerife do Condado de Sagadahoc tinha, além disso, motivos para colocar o atirador sob custódia policial.

O painel de sete membros nomeado pelo governador e procurador-geral do Maine determinou, de forma unânime, que as autoridades não tomaram medidas que poderiam ter evitado o tiroteio em massa que ocorreu a 25 de outubro de 2023, noticiou a agência Reuters.

Ainda que Card, que colocou termo à própria vida, tenha sido considerado o “único responsável” pelos 18 mortos e 13 feridos do tiroteio num bar e numa pista de bowling, a comissão considerou que as autoridades tiveram "várias oportunidades que, se aproveitadas, poderiam ter mudado o curso dos acontecimentos", de acordo com um relatório de 29 páginas.

Depois de ter levado a cabo o tiroteio mais mortífero da história do Maine, Card foi encontrado sem vida ao fim de dois dias, devido a um ferimento de bala autoinfligido. Nos dias que se seguiram, veio à tona que a família do atirador tinha contactado o Gabinete do Xerife cinco meses antes para expressar a sua preocupação quanto à deterioração da saúde mental do reservista que tinha acesso a, pelo menos, 10 armas.

Além disso, um segundo relatório elaborado em setembro, um mês antes do tiroteio, revelou que a unidade de reserva de Card contactou as autoridades e solicitou uma “verificação de bem-estar”, de acordo com documentos divulgados após o massacre.

Pelo menos um militar amigo de Card disse aos seus superiores que temia que o homem “explodisse e cometesse um tiroteio em massa”, pelo que a comissão independente apontou que as autoridades tinham motivos suficientes para colocar o reservista sob custódia. Card tinha também uma doença mental grave, tendo, inclusivamente, sido hospitalizado por duas semanas, em julho de 2023. Saliente-se ainda que, segundo a Reuters, o homem tinha recentemente agredido um amigo e ameaçado disparar contra o arsenal de armas de Saco.

No entanto, o sargento do xerife a cargo do caso “não consultou os registos da denúncia anterior”. Quando o responsável foi de baixa em setembro, ninguém foi designado para acompanhar a situação e tomar medidas. Nessa linha, as autoridades colocaram sob a família a responsabilidade de recolher as armas de fogo de Card, o que representou “uma abdicação da responsabilidade da aplicação da lei”.

Em janeiro, os funcionários do Gabinete do Xerife defenderam as suas ações, uma vez que Card não tinha cometido qualquer crime.

Contudo, o Exército determinou que Card, que era instrutor de armas, estava impedido de manusear armas de fogo, tendo declarado que o homem não podia ser mobilizado, em agosto.

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