Politólogo diz que “crescimento da AD como alternativa ao socialismo é limitado pela ascensão do Chega”

6 meses atrás 55

Aprovação do Governo socialista tem descido nos últimos anos, seja devido às políticas implementadas ou à subida do custo de vida, o que tem levado a uma ascensão do Chega.

Os socialistas estão fragilizados após os sucessivos casos no Governo, mas os sociais-democratas não se têm mostrado como uma alternativa credível. Esta é, pelo menos, a opinião de Pedro Magalhães, especialista em ciências políticas da Universidade de Lisboa, ao “The Guardian”, que defende que estas eleições estão a decorrer “num contexto difícil para os socialistas em exercício”.

As últimas sondagens dão conta de uma ligeira vantagem para o PS face à Aliança Democrática (AD), ou mesmo um empate técnico com vantagem para os socialistas, com o Chega a consolidar-se como a terceira força política.

Ora, por isso mesmo, Pedro Magalhães indica à publicação britânica que o crescimento da Aliança Democrática “como principal alternativa ao socialismo é limitado pela ascensão da direita radical representada pelo Chega”. Isto é: os eleitores estão insatisfeitos com a situação política atual (e também pela queda de um Governo eleito em 2022), tanto que “a aprovação do Governo diminuiu acentuadamente desde as últimas eleições, passando de mais de 60% para cerca de 25%”.

Ainda assim, o especialista lembra que, durante este último Governo, “a situação económica se tornou relativamente favorável – no que respeita o crescimento do PIB, o desemprego e a saúde orçamental do país”, mesmo que a taxa de aprovação tenha vindo a cair, algo que “parece estar relacionado com o aumento dos custos de vida dos últimos dois anos – especialmente na habitação das áreas metropolitanas – e com o desempenho vacilante do ensino público e do SNS”.

No entanto, e apesar de um decréscimo da aprovação do PS, Pedro Magalhães nota que Pedro Nuno Santos pode vir a trazer uma nova roupagem ao partido. “O novo líder socialista que interveio após a demissão de Costa, Pedro Nuno Santos, foi fortemente apoiado pelos membros do PS, mas o público continua mais céptico, de acordo com as sondagens existentes”. Esta desconfiança também se deve à polémica da TAP, que envolve a indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis.

Crescimento do Chega

“O Chega passou de 1,3% dos votos nas eleições de 2019 para 7,2% em 2022, e as sondagens de intenção de voto mostram-no preparado para obter pelo menos 15% dos votos desta vez, talvez até mais”, destacou Pedro Magalhães ao “The Guardian”, apoiando-se pela análise das últimas sondagens.

O especialista em ciências políticas lembrou que a questão central para o partido de Ventura é a corrupção, algo que “todas as sondagens mostram ser algo que quase todos os eleitores portugueses consideram estar generalizado entre a classe política, tornando o Chega atraente como um voto de rejeição do status quo político”.

“Também atendem aos segmentos socialmente mais conservadores do eleitorado, particularmente à sua oposição ao que chamam de ‘ideologia de género’ e às suas preocupações com a ‘imigração desregulamentada’ e a lei e a ordem”, frisou.

Ler artigo completo