Foi durante a apresentação do novo Macan 100% elétrico, que o diretor financeiro da Porsche, Lutz Meschke comentou sobre o «fim» dos motores de combustão em 2035.
Com as eleições europeias a aproximarem-se, a discussão em torno da «proibição» dos motores de combustão em 2035, que parecia estar encerrada, poderá ser reaberta.
Recorde que, em 2021, foi aprovado o Pacto Ecológico Europeu, onde ficou estabelecido uma redução das emissões de dióxido de carbono para automóveis novos em 100% em 2035. O que, para todos os efeitos, exclui todos os motores de combustão.
No entanto, recentemente, o maior grupo parlamentar europeu (Grupo PPE) mostrou ter a intenção de rever essa «proibição» relativa aos motores de combustão.
Agora, no evento de apresentação da nova geração do Porsche Macan — exclusivamente elétrica —, em Singapura, o diretor financeiro da Porsche, Lutz Meschke, não se coibiu de comentar sobre este tópico.
Lutz Meschke acredita que a União Europeia possa vir a adiar esse plano:
“Existem muitas discussões neste momento sobre o fim do motor de combustão. Penso que poderá ser adiado”.
Lutz Meschke, diretor financeiro da PorscheElétricos a desacelerar
Os comentários de Meschke apoiam-se nos últimos desenvolvimentos relacionados com o ritmo da adoção dos veículos elétricos. Têm sido vários os construtores a relatar que a procura por elétricos está a desacelerar, incluindo o Grupo Volkswagen, do qual a Porsche faz parte.
As razões para essa desaceleração são várias, entre as quais os preços elevados, os retrocessos nos incentivos e o défice da rede de carregamentos.
Esta desaceleração pode colocar em causa o que ficou estabelecido no Pacto Ecológico Europeu. O Reino Unido (que já não faz parte da UE), por exemplo, adiou o banir do motor de combustão dos automóveis novos de 2030 para 2035.
Lutz Meschke fez ainda menção ao facto de considerar errado estarem a ser retirados os subsídios à aquisição de veículos elétricos. Ele detalha que é possível aos construtores premium e de luxo trabalhar sem esses incentivos, mas o problema reside nos fabricantes de volume, onde o fator preço dos veículos tem um peso muito maior.
“Temos de observar a curva da procura nos próximos anos. Se tivermos uma situação como a atual, com uma certa relutância em comprar carros elétricos na Europa, talvez os subsídios voltem”.
Lutz Meschke, diretor financeiro da PorscheA discussão sobre o «fim» dos motores de combustão não é nova. Recorde que há cerca de um ano, a Alemanha opôs-se a esta proposta. O voto de aprovação só foi dado após um acordo firmado com a União Europeia, onde foi criada uma exceção que permite a continuação da venda de automóveis novos com motor de combustão interna após 2035, desde que utilizem combustíveis sintéticos neutros em carbono.
© Porsche Os combustíveis sintéticos já são usados pela Porsche no troféu Supercup.Recorde também que a Porsche é uma das mais interessadas na adoção dos combustíveis sintéticos. Em 2022 investiu 260 milhões de euros na produção de combustíveis sintéticos no Chile, em parceria com a HIF Global.
Essa parceria foi, entretanto, reforçada, com este ano a ter início a produção de combustíveis sintéticos numa nova fábrica, desta vez no estado do Texas (EUA).
Fonte: Automotive News