Porto Renascentista com "visitas guiadas" através da música

8 meses atrás 81

O ciclo 'Na Memória dos Sons - Paisagens Sonoras do Porto Renascentista' será composto por 12 apresentações, a realizar no próprio mosteiro de onde a música provem, ao longo de seis fins de semana, até 28 de julho.

Estas apresentações visam expor o processo de "transformação de uma representação gráfica" da música polifónica do Renascimento, a partir de "um documento com séculos de existência", num "discurso sonoro com significado atual", fazendo com que o público acompanhe esse trabalho "de forma mediada", no espaço arquitetónico original e "numa perspetiva sonora-histórica", como explica a apresentação do projeto.

"As apresentações não serão concertos propriamente ditos, mas antes oficinas de criação em torno desse repertório inédito ou quase desconhecido, e que permitirão a observação [desse processo] por parte do público", explica o ensemble dirigido pelo musicólogo e regente Pedro Sousa Silva, que acrescenta: "Se num concerto se apresenta o resultado de um processo criativo, aqui é o próprio processo criativo que está em exposição permanente."

"O modelo proposto é mais próximo do conceito de 'visita guiada' do que de 'concerto-palestra'". Assim, "ao longo de cada sessão, os músicos darão informações sobre as obras, os compositores, os instrumentos, o contexto sociocultural ou o enquadramento litúrgico", explicando também "o próprio processo de interpretação destas obras" e "em particular os desafios" com que se confrontam, perante música escrita há quatro séculos.

Em cada uma das apresentações haverá ainda "espaços para que o público possa colocar questões ou mesmo interagir com os músicos", garante o Ensemble Arte Mínima.

"Todo o trabalho interpretativo será realizado a partir de cópias dos manuscritos exibidas num ecrã de grande formato", simulando uma grande estante do coro de uma igreja, "e os oito músicos - número que reflete uma dimensão média das capelas musicais portuguesas do século XVI - cantarão e tocarão em seu redor."

Esta disposição, segundo o agrupamento, permitirá "uma experiência mais realista das paisagens sonoras do Porto renascentista", tanto para os músicos como para o público.

As apresentações estão marcadas para os fins de semana de 20 e 21 de janeiro, 24 e 25 de fevereiro, 13 e 14 de março, com as seis últimas anunciadas para julho, nos dias 13, 14, 20, 21, 27 e 28, sempre entre 20:00 e as 24:00, ao sábado, e as 15:00 e as 19:00, ao domingo.

O Ensemble Arte Mínima, fundado em 2011 por Pedro Sousa Silva, é um projeto dedicado à interpretação de música antiga, em particular a música portuguesa dos séculos XV a XVII, a partir das fontes originais, sem mediação de transcrições modernas.

Todo o trabalho tem por base a investigação histórica, procurando "transferir para o século XXI ferramentas de aprendizagem e interpretação musical oriundas do Renascimento."

O agrupamento editou em 2021 o álbum 'In Splendoribus', resgatando obras esquecidas de compositores do século XVI, das Sés de Braga e do Porto.

No final de 2023, foi a vez de um novo disco, desta vez dedicado à música "ainda praticamente desconhecida" de Francisco de Santa Maria (1532/8-1597), compositor que desenvolveu a maior parte da sua atividade em Coimbra.

O Ensemble Arte Mínima prepara ainda a edição em disco da integral dos motetes de Vicente Lusitano, reunidos na coleção 'Liber Primus Epigramatum', publicada pela primeira vez em Roma, em 1551, facto que o coloca até agora na posição de primeiro compositor de origem africana com obra impressa.

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