Portugal sobe no ranking do ‘soft power’ e é 27.º mais influente na lista liderada pelos EUA

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Estados Unidos e Reino Unido lideram o ranking do ‘soft power’ da consultora de avaliação de marcas Brand Finance, divulgado esta quinta-feira. A China alcança o terceiro lugar.

Portugal sobe três posições no ranking do Global Soft Power Index (GSPI) tornando-se o 27.º país mais influente no soft power a nível mundial, segundo um novo relatório da Brand Finance, a principal consultora mundial de avaliação de marcas, divulgado esta quinta-feira.

O país apresenta um forte padrão de crescimento em termos de influência internacional semelhante ao da vizinha Espanha. Segundo a Brand Finance, Portugal melhora o seu soft power, passando de uma pontuação de 40.6/100 em 2020 para 50.1/100 em 2024. Isto deve-se ao facto de ter melhorado as pontuações em quase todos os pilares ao longo dos últimos cinco anos. No entanto, quando comparado com os restantes países, este crescimento não se reflete nas classificações das métricas, chegando mesmo a diminuir em algumas delas.

Em termos de pontuações, Portugal apresenta o maior crescimento nos pilares Familiaridade (4.1 em 2024 vs. 6.2 em 2020), Influência (4.6 em 2024 vs. 3.7 em 2020), Negócios e Comércio (5.4 em 2024 vs. 3.5 em 2020), Educação e Ciência (3.2 em 2024 vs. 2.2 em 2020) e Media e Comunicação (3.7 em 2024 vs. 2.8 em 2020). A Europa é o continente que pontua melhor Portugal.

O estudo mostra um aumento acima da média nos pilares da Reputação (0.3 pontos para 6.9/100) e Educação & Ciência (0.3 pontos para 3.2/10), o que em grande medida se fica a dever ao trabalho realizado. Nos últimos quatro anos, Portugal levou a cabo campanhas várias sob o lema “Melhor Destino do Mundo” promovendo o país e focando em cada ano um aspeto diferente: 2021 como um dos melhores destinos turísticos do mundo, 2022 como destino seguro e sustentável, 2023 como país de destino para eventos e reuniões, e 2024 como destino para o turismo de aventura e desporto.

Todas estas campanhas, têm tido um impacto positivo na promoção da marca Portugal, contribuindo para um aumento do turismo e do investimento estrangeiro. Da mesma forma, a realização de eventos e projetos têm contribuído para o crescimento da métrica Educação e Ciência, com destaque para colaborações de investigação com instituições e centros de investigação de renome internacional em áreas como a biotecnologia, a inteligência artificial e as energias renováveis, protagonizadas pelo Instituto de Medicina Molecular, Instituto Superior Técnico, Instituto Gulbenkian de Ciência ou Centro de Física Teórica e Computacional. “Estas colaborações e projetos conjuntos têm reforçado a reputação de Portugal como um centro de excelência científica e contribuído para o avanço do conhecimento em várias áreas de investigação”, destaca a informação enviada às redações.

“Portugal é um país reconhecido internacionalmente, com uma elevada Familiaridade (7.1/10) e uma forte Reputação (6.9/10). No entanto, enfrenta desafios em áreas críticas como a Governação, as Relações Internacionais e os Negócios e Comércio, que têm impacto na perceção global da sua influência. Uma comunicação eficaz sobre as suas realizações e contribuições nos domínios da economia, da cultura e dos negócios será fundamental para progredir na classificação. Embora Portugal tenha melhorado os seus resultados nos últimos cinco anos, não consegue destacar-se acima da média internacional, o que o impede de continuar a aumentar a sua influência”, considera Pilar Alonso Ulloa, directora-geral da Península Ibérica e América do Sul da Brand Finance.

O Global Soft Power Index é liderado pelos Estados Unidos e Reino Unido, as nações mais influentes do mundo em termos de soft power. A China dá um salto significativo e ocupa agora o terceiro lugar, à medida que a Covid se afasta da consciência social.

O índice tem por base um inquérito realizado a mais de 170 mil pessoas de mais de 100 países para recolher dados sobre as percepções globais dos 193 estados membros das Nações Unidas, o que faz dele o estudo mais abrangente do mundo sobre percepções das marcas nacionais e fornece uma análise aprofundada da evolução do soft power à medida que as nações enfrentam grandes mudanças e desafios globais.

O soft power é definido como a capacidade de uma nação para influenciar as preferências e os comportamentos de vários atores na cena internacional, sejam estados, empresas, comunidades ou públicos, através da atração e da persuasão e não da coerção. Cada país é avaliado em 55 parâmetros diferentes para obter uma pontuação global de 100 e é classificado do 1º ao 193º lugar.

Portugal aos olhos do mundo

Os países europeus classificaram Portugal, de um modo geral, de acordo com a sua posição no ranking, ou mesmo mais favoravelmente, situando-o entre 20 e 23. Na América Latina, as classificações são bastante variáveis, oscilando entre 20 e 34. Os países da América do Norte também atribuem classificações bastante positivas, com os Estados Unidos a classificarem Portugal em 28º lugar, tal como a Austrália, enquanto o Canadá e o México consideram que Portugal deveria estar em 24º lugar.

No entanto, Portugal enfrenta desafios em África e na Ásia. Dois países destacam-se por classificarem Portugal muito favoravelmente. O primeiro é Angola, que considera que Portugal deveria ocupar o terceiro lugar. As relações económicas e comerciais entre Angola e Portugal têm sido historicamente fortes, sendo Portugal um dos principais parceiros comerciais de Angola. O segundo país é o Brasil, que ocupa o quinto lugar. As relações entre o Brasil e Portugal são históricas e profundas, com fortes laços culturais, económicos e diplomáticos. Ao longo dos anos, essas relações passaram por altos e baixos e momentos de tensão, mas, em geral, têm sido marcadas pela cooperação e compreensão mútua. Brasil e Portugal mantêm uma forte relação económica e comercial. Portugal é um dos principais investidores estrangeiros no Brasil, e as empresas portuguesas têm uma presença significativa em sectores como a banca, as telecomunicações e a energia. O Brasil, por sua vez, é um importante destino de exportação dos produtos portugueses.

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