Presidenciais. "Se for militante do PSD só há um candidato" e é Marques Mendes

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Entrevista a José Eduardo Martins

18 out, 2024 - 06:00 • Manuela Pires

Em entrevista à Renascença, José Eduardo Martins considera que ainda é cedo para falar de eleições presidenciais e que a indefinição do almirante Gouveia e Melo está a baralhar as estratégias dos candidatos. Na véspera do Congresso do PSD, o antigo deputado diz que a reunião de Braga é uma oportunidade para o partido apresentar as propostas e o rumo que o país deve seguir.

"Se for militante do PSD só há um candidato" presidencial e é Marques Mendes
José Eduardo Martins entrevistado pela jornalista Manuela Pires

José Eduardo Martins está afastado da vida partidária, mas nas eleições europeias participou num almoço, no Porto, a convite de Sebastião Bugalho, e no início do ano discursou na convenção da AD, no Estoril.

O antigo deputado e secretário de Estado do Ambiente espera que no Congresso do PSD, deste fim de semana, se fale para o país, para fora e que se aponte o novo rumo que este Governo está a seguir. Quanto ao partido, entende que não há qualquer contestação.

A unidade está garantida porque estamos no Governo”, diz José Eduardo Martins, em entrevista à Renascença.

O Congresso do PSD vai votar a moção de estratégia de Luís Montenegro onde o líder define o perfil do candidato presidencial, dizendo que tem de ser militante do PSD. As eleições são em janeiro de 2026 e neste segundo mandato de Montenegro na liderança do PSD.

José Eduardo Martins considera que ainda é cedo para se discutir no congresso as eleições presidenciais, mas defende há apenas um nome no partido que encaixa no perfil traçado por Montenegro: é Luís Marques Mendes.

“É um bocadinho cedo, mas se for um militante do PSD, depois da doutora Leonor Beleza se ter considerado indisponível, acho que agora até não é bem militante do PSD, não tenho bem a certeza disso. Mas acho que sobra um, não sobram dois, não sobram três, sobra um. Isso é tão evidente que, de duas uma, ou isso é uma estratégia, eu não sei se é. Eu trabalho com o Luís, mas não falamos disso”, revela José Eduardo Martins.

Marques Mendes "mais próximo do que nunca” de decisão sobre candidatura a Belém

Luís Marques Mendes vai passar por Braga. Ainda há dois meses, garantia que estava mais próximo do que nunca de tomar uma decisão sobre uma possível candidatura a Belém.

José Eduardo Martins considera que há um fator surpresa chamado Gouveia e Melo, que está a baralhar as contas a todos os candidatos, e enquanto a indefinição continuar é cauteloso não anunciar candidaturas.

“A verdade é que o almirante Gouveia Melo baralha as contas a toda a gente. A indecisão de Gouveia e Melo, com o peso que ele tem nas sondagens, isso condiciona um bocadinho os partidos todos, o que é uma coisa boa porque ainda estamos com tempo. No passado, havia candidatos que não tendo a certeza de ser apoiados pelos partidos avançavam primeiro, mas não estamos nesse quadro, agora o elemento de fora é o almirante Gouveia Melo e, portanto, acho que vai ser complicado até ele tomar uma decisão, porque isso baralha todas as estratégias, mesmo que o candidato seja e deva ser um militante do PSD, as coisas são diferentes se ele estiver na campanha ou se ele não estiver na campanha”, avisa o antigo deputado.

"Secretário-geral do PS ficou encostado às cordas"

Dez anos depois, o Congresso do PSD volta a ter um líder que é primeiro-ministro, mas, desta vez, sem maioria e com cedências feitas ao Partido Socialista para permitir a viabilização do Orçamento do Estado.

Martins elogia a tática de Luís Montenegro nas negociações com o PS, mas critica a cedência na redução do IRC, porque não foi dado nenhum sinal às empresas e à economia que este é um Governo de centro-direita.

PS viabiliza Orçamento do Estado para 2025

Foi brilhante do ponto de vista tático. O secretário-geral do PS ficou encostado às cordas, mas naquilo que é essencial, no que as pessoas têm de escolher, entre uma governação do centro para a direita ou uma governação do centro para a esquerda, Luís Montenegro, taticamente, impôs a estabilidade política. Aquilo que me parece a mim um bocadinho complicado é que essa estabilidade seja conseguida à custa de aceitar uma das linhas vermelhas do adversário”, refere José Eduardo Martins.

No que diz respeito à cedência no IRS Jovem, o advogado elogia a retirada do Governo da sua proposta, porque a medida era inconstitucional e muito cara.

“Continuar a ter os jovens a perceber que foi este Governo que fez um esforço por eles e esse mérito não irá para mais ninguém, mas poupar mais do que metade do que se previa com a despesa numa medida inconstitucional, isso é brilhante”, diz José Eduardo Martins.

Chega? “Não há ali com quem conversar"

O antigo deputado, que sempre defendeu que o PSD não deve ter qualquer entendimento com o Chega, diz que as reuniões com André Ventura para discutir o Orçamento do Estado foram uma perda de tempo.

“Não há ali com quem conversar, não há ali um paradigma de normalidade, é uma perda de tempo. Portanto, acho que toda a gente aprendeu uma lição de que nem discretas estas reuniões valem grandemente a pena e que este exercício de democracia, porque estão ali 50 deputados, nem por isso que vale a pena, porque na verdade não estão 50 deputados, está um homem com 49 homens ao lado”, remata José Eduardo Martins.

O antigo deputado social democrata questiona-se ainda sobre que matérias podia o governo chegar a acordo com o Chega, dizendo mesmo que o partido de André Ventura não tem propostas credíveis.

O que é que há ali de direita para estabelecer uma ponte? Qual é a política económica de direita do Chega? Qual é a ambição de baixar impostos? Que loucura são aquelas propostas de despesa pública que nos levavam à bancarrota? Não há ali responsabilidade suficiente para haver direita, não há ali juízo suficiente para haver direita, não há ali inteligência suficiente para haver direita. O que ali há é uma permanente gritaria para atrair os descontentes que de resto não são de direita”, refere José Eduardo Martins em declarações à Renascença.

António Capucho diz que Albuquerque tem de sair da presidência do congresso do PSD e sugere Beleza

O Congresso do PSD vai eleger, em Braga, os novos órgãos do partido, entre eles a nova mesa do congresso que é presidida por Miguel Albuquerque, o líder do governo regional da Madeira.

Em entrevista à Renascença, António Capucho considerou que Albuquerque é “pernicioso para o PSD”, o que já mereceu críticas por parte do líder do PSD Madeira. José Eduardo Martins considera que devia ser ele a dar o primeiro passo.

“Acho que o Miguel devia ser o primeiro a perceber que, nesta altura, tem de se concentrar no governo regional da Madeira e tem de se concentrar, basicamente, em lidar com esse assunto. Não é um lugar a mais ou menos no partido que belisca a presunção da inocência do nosso amigo Miguel Albuquerque. Nos órgãos do partido, as limitações de mandato servem para alguma coisa e a Madeira não se representa só pelo Miguel”, remata José Eduardo Martins.

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