Presidente da Câmara da Marinha Grande acusa oposição de "bloqueio grave"

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"No momento em que estamos a iniciar o novo quadro comunitário, a Câmara Municipal da Marinha Grande enfrenta um bloqueio grave, imposto pelos vereadores do PS e da CDU que chumbam uma revisão orçamental essencial", lê-se num comunicado, na rede social Facebook, assinado por Aurélio Ferreira, eleito pelo Movimento pela Marinha (+MpM).

Este movimento independente ganhou, nas autárquicas de 2021, o município ao PS, sem maioria. O +MpM alcançou três mandatos, enquanto CDU e PS dividem os restantes quatro.

Segundo o autarca, esta obstrução compromete "a realização de projetos fundamentais para a população e a gestão interna" da autarquia, exemplificando com "a paralisação do processo de contratação" da requalificação de duas escolas, o atraso na reparação de habitações sociais ou iniciativas associadas a datas festivas.

Por outro lado, Aurélio Ferreira apontou a "grave situação" de o concelho deixar de ter recolha de resíduos sólidos e, do ponto de vista da gestão interna, "o bloqueio dos sistemas informáticos e a renovação do `site`" do município.

Para o presidente da Câmara, a ação da oposição "coloca interesses políticos acima do bem-estar da população, prejudicando o desenvolvimento da Marinha Grande", no distrito de Leiria.

Os vereadores socialistas, Ana Laura Baridó e António Fragoso, sustentaram que o executivo "arrasta, mais uma vez, para os próximos anos, obras essenciais para o concelho, a maioria vindas do mandato anterior já com projeto e oportunidade de financiamento".

Segundo os eleitos do PS, a proposta apresentada incluía a anulação de "rubricas no âmbito do investimento no valor total de 2,4 milhões de euros" relativas a obras como a requalificação do pavilhão desportivo e do auditório António Campos, ambos em Vieira de Leiria, saneamento, habitação social ou a criação de uma residência de estudantes.

"(...) Todas estas obras estão previstas em orçamento desde o início do mandato, tendo já sido largamente publicitadas e apresentadas pelo executivo permanente como um grande feito, andando a reboque, ano após ano, de orçamento em orçamento, com o qual não concordamos", explicaram, num comunicado.

À agência Lusa, Ana Laura Baridó considerou que o presidente do município "não tem absolutamente razão nenhuma", pois "teve oportunidade de fazer toda a obra que quisesse desde que encaixasse nas linhas do PS durante quase três anos e, se não o fez, foi porque não teve visão para o fazer".

"E esta foi uma das razões pelas quais devolvemos os pelouros", declarou Ana Paula Baridó.

Para a vereadora, "reduzir o volume de investimento deste ano e remetê-lo para o próximo ano é uma manobra política enganadora e em nada vem abonar os munícipes".

"Não estamos aqui para obstruir absolutamente nada, mas há coisas que têm limites e esta é uma delas", acrescentou Ana Laura Baridó.

A vereadora da CDU Alexandra Dengucho afirmou que, com a revisão orçamental proposta, "o senhor presidente retira verbas de rubricas que são para a CDU fundamentais para o desenvolvimento do concelho".

Apontando, entre outros, investimentos em saneamento e na habitação social e, igualmente, obras em Vieira de Leiria, a Alexandra Dengucho salientou à Lusa que essas "rubricas ficariam esvaziadas não permitindo fazer obras, sendo que, nalgumas situações, os projetos estão aprovados".

"Esvaziando as rubricas, resultaria numa taxa de execução este ano maior, que julgamos ter sido esse o objetivo", adiantou, referindo que "querem ter uma taxa de execução orçamental maior à custa de uma jogada meramente técnica, com objetivos políticos", numa alusão às eleições autárquicas de 2025.

Para esta vereadora (a CDU está representada também por Lara Lino), com a proposta de revisão orçamental "fica prejudicada a população do concelho que vê, mais uma vez, obras estruturantes adiadas".

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