Claudia Sheinbaum obteve uma vitória esmagadora para se tornar a primeira mulher presidente do México, vai dirigir a segunda maior economia da América Latina. De acordo com os primeiros resultados, ela terá ganho com cerca de 60 por cento dos votos (as projeções indicam entre 58,3 e 60,7 por cento) sobre a adversária.
Quase 99 milhões de mexicanos foram chamados a votar e a escolha de uma mulher é vista como um passo importante para o México, conhecido pela cultura machista e por ter a segunda maior percentagem de católicos no mundo, o que fortaleceu, durante décadas, valores e os papéis mais tradicionais para as mulheres.
A vencedora das presidenciais, apoiada pelo atual presidente, herda o projeto de Andrés Manuel Lopez Obrador, cuja popularidade entre os mais desfavorecidos ajudou a impulsionar a vitória de Sheinbaum.“Comprometo-me a dar a minha alma, a minha vida e o melhor de mim para o bem-estar do povo mexicano. Este é o momento das mulheres transformadoras. Garanto a todas as mulheres, companheiras, amigas, irmãs, filhas e mães: Não estão sós”.Claudia Sheinbaum tem um caminho complicado pela frente porque prometeu investir nas condições de vida e de bem-estar dos mexicanos, mas herda um défice orçamental elevado e um baixo crescimento económico. Após a divulgação dos primeiros resultados, a presidente eleita garantiu que vai ser fiscalmente responsável e respeitar a autonomia do banco central do México.
Quanto à insegurança pouco revelou sobre a estratégia que vai seguir para combater a criminalidade. Sendo exemplo dessa insegurança o facto de estas eleições terem sido as mais violentas da história moderna do México, com 38 candidatos assassinados. Muitos analistas dizem que o crime organizado cresceu e conquistou mais influência durante o mandato do presidente cessante.Quem é Claudia?
Cientista, investigadora nas áreas da energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, Sheinbaum fez parte do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) que ganhou um Prémio Nobel da Paz em 2007. Ela esteve à frente da câmara da Cidade do México, tendo sido também secretária para o Clima durante o Governo de López Obrador, na autarquia da capital do país.
Durante a campanha eleitoral, a adversária Xochitl Galvez, de centro-direita, apelidou-a de “dama de gelo”, uma vez que durante os três debates entre ambas, Claudia Sheinbaum nunca chamou a principal adversária pelo nome.
“Você não tem o carisma de López Obrador, é fria, sem coração, é uma dama de gelo”, disse Gálvez.
Numa breve pesquisa ao passado da nova presidente, descobrimos que os avós chegaram ao México vindos da Bulgária e Lituânia, em fuga da II Guerra Mundial. Com convicções de esquerda, a jovem de ascendência judia integrou o Conselho Estudantil Universitário que travou a tentativa de privatização da universidade pública.
Quem conhece Claudia Sheinbaum diz que ela é discreta e que herdou da mãe as convicções políticas. A mãe, Annie Pardo, bióloga, foi expulsa como professora universitária por denunciar o massacre de estudantes de 1968 na praça Tlatelolco.
Como autarca da Cidade do México, passou por vários desafios, um deles o colapso de uma linha de metro, em 2021, que provocou 27 mortos e 80 feridos. Na altura, no meio de muita polémica sobre a responsabilidade da queda, ela defendeu a equipa e optou por negociar com a construtora da obra o valor das indemnizações e assim evitar julgamentos em tribunal.
"Governar é tomar decisões. Tem que se tomar a decisão e assumir as pressões que podem ocorrer", defendeu ela no documentário “Claudia”, de 2023.