Primeiro-ministro francês pede a portugueses que votem e avisa que extrema-direita quer dividir por nacionalidade

2 meses atrás 69

França

02 jul, 2024 - 11:30 • Lusa

Gabriel Attal avisou que a União Nacional, de Marine Le Pen, "quer dividir os franceses entre eles".

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, afirmou esta terça-feira à Lusa que "é muito importante" que os lusodescendentes vão votar na segunda volta das legislativas, salientando que a União Nacional quer "dividir os franceses" segundo a nacionalidade.

Em declarações à Lusa à margem de uma ação de campanha no centro de Paris, Gabriel Attal foi questionado se considera que os portugueses residentes em França devem ir votar nas eleições de domingo.

"Claro, é muito importante que todos os franceses vão votar", respondeu o chefe do executivo francês.

Gabriel Attal avisou que a União Nacional (Rassemblement National (RN), em francês) "quer dividir os franceses entre eles".

"Portanto, se é francês com outra nacionalidade - e é o caso para três milhões e 500 mil franceses, porque têm origens e histórias familiares diferentes - para a União Nacional isso significa que vale menos do que os outros", afirmou, reforçando que "é muito importante que todos os franceses vão votar".

Aguiar Branco preocupado com "ideias extremistas" após vitória da extrema-direita em França

Já interrogado se acha que o projeto da União Nacional poderia pôr em causa as relações bilaterais entre a França e Portugal, Attal respondeu: "Em todo o caso, nós sabemos que temos um projeto que é profundamente europeu, que luta por uma Europa forte, porque isso também é do interesse dos franceses".

"Do outro lado, temos uma União Nacional que, segundo o que vemos, propõe uma saída progressiva da Europa", referiu, acusando o partido de querer "parar de pagar a contribuição francesa para o orçamento europeu" e "deixar de respeitar as regras europeias".

"Isso, claro, teria um impacto muito forte nas nossas relações com os outros países europeus", avisou. .

A União Nacional defende, no seu programa, que os franceses que detenham uma dupla nacionalidade não possam aceder a certos empregos da função pública. Segundo o partido, seriam "muitos poucos casos", reservados a setores "extremamente sensíveis" do Estado, como a diplomacia, a segurança ou a defesa.

Extrema-direita vence 1.ª volta em França. Como funciona a segunda volta?

Nesta ação de campanha no mercado de Convention, no 15.º bairro de Paris, Gabriel Attal cruzou-se com Lúcia Fernandes, cidadã portuguesa que veio para França em 1971, e que lhe pediu para não deixar mais nenhum partido ir para o Governo.

"Suplico-lhe. Eu acabei de pedir a nacionalidade há um ano, empurram-me de um lado para o outro. É um horror, não aceitam os meus países... E agora acho que só vai piorar", disse.

À Lusa, Lúcia Fernandes explicou que nunca pediu a nacionalidade francesa até agora porque sentia-se "à vontade em França" e nunca achou que fizesse diferença.

"Mas ultimamente comecei a ver as coisas a complicar e quis pedir", disse, manifestando-se "muito preocupada" com o projeto da União Nacional por considerar que pode "pôr em perigo" não só os portugueses, como "toda a Europa".

O partido de extrema-direita União Nacional (RN, do original francês Rassemblement National) obteve no domingo 33% dos votos, contra cerca de 28% da frente popular de esquerda e de 21% do campo do Presidente Emmanuel Macron.

A segunda volta das eleições legislativas francesas realiza-se no próximo domingo, dia 7.

França. Portugueses "começam a tremer" com possível vitória da extrema-direita

Destaques V+

Ler artigo completo