Principal conferência sobre computação será este ano em Lisboa. Traz estrelas, temas quentes e regista recorde de participação

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Nem os maiores gurus da Inteligência Artificial estão imunes ao feitiço de Lisboa e à 46ª Conferência Mundial de Engenharia de Software (ICSE2024), que irá decorrer entre 14 e 20 de abril, no Centro Cultural de Belém, estão a ser batidos todos os recordes de participação, com mais de 1500 inscritos. “Até agora o máximo tinha sido de 1200”, revela Rui Maranhão, general chair da conferência e professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). 

Haverá outros fatores a contribuir para este sucesso. Certamente a organização, mas também a atual guerra tecnológica entre os EUA e a China que resulta numa luta por cadeiras. “Andam ambos os países a ver quem é que mete mais gente na conferência”, conta o organizador da edição deste ano daquela que é considerada a maior conferência científica da área. Por outro lado, também há o histórico de boas relações de Portugal com África e este ano, pela primeira vez, haverá participantes africanos que não vêm da África do Sul – estão confirmados representantes de sete países daquele continente, vindos do Gana, Mali ou Nigéria.

Não é difícil adivinhar que o tema principal da conferência seja a ligação entre a engenharia de software e a Inteligência Artificial (IA), em particular os já famosos Large Language Models, as suas aplicações, questões éticas, fiabilidade. “Todos os pontos serão abordados”, antecipa Rui Maranhão. “Esta conferência é fundamental para a comunidade de Engenharia de Software, pois não só destaca as mais recentes inovações e pesquisas na área, mas também define as tendências futuras e fomenta a colaboração entre a academia e a indústria”, sublinha.

É comum participarem vencedores do prémio Turing, conhecido como o Prémio Nobel da computação, bem como colaboradores das principais empresas do setor, como a Google ou a ByteDance – aliás, patrocinadores do evento que no ano passado aconteceu em Sydney, na Austrália. “Foi nesta conferência que conheci a Margaret Hamilton, conhecida por ter desenvolvido o software das missões americanas de ida à Lua”, conta o professor.  

De um formato em que praticamente só os engenheiros eram ouvidos neste tipo de encontros científicos, o perfil da assistência e também dos palestrantes foi evoluindo para acomodar perfis orientados para a preocupação com as questões éticas, para a sustentabilidade e eficiência energética (qual o custo ambiental de alimentar um sistema de IA?). “Temos notado que as equipas que trabalham em IA são cada vez mais multidisciplinares, sobretudo por causa da componente ética. Naquela questão clássica dos carros autónomos, em que é preciso decidir salvar o idoso ou a criança, vemos posicionamentos diferentes na Ásia, em que se valoriza muito o idoso, e na Europa ou a América, em que se escolhe poupar a criança”, exemplifica. 

Este ano, os ‘cabeças de cartaz’ são o investigador do Instituto Max Planck e colaborador da Amazon, Rupak Majumdar, o professor do MIT, Martin Rinard e a professora da Universidade de Carnegie Mellon, Carol Smith. Não é preciso um algoritmo de IA para adivinhar que nos intervalos da conferência haverá muita gente a engrossar a fila para os Pastéis de Belém.

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