Prolongamento de cortes na produção pela OPEP+ divide analistas

3 meses atrás 82

Os preços do petróleo estão a desvalorizar ligeiramente esta segunda-feira, com os investidores a avaliarem o impacto da decisão da Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados (OPEP+) de prolongar até ao final de 2025 os cortes voluntários na produção, que foram inicialmente acordados no final de 2022.

Atualmente o grupo de produtores, do qual fazem parte a Arábia Saudita e a Rússia, estão a produzir um total de 5,86 milhões de barris por dia, cerca de 5,7% da procura global.

Os novos cortes implicam que uma das reduções em vigor, de 3,66 milhões de barris por dia, que expirava no final de 2024, seja agora válida até ao final de 2025. E vai ser também prolongado um outro corte, de 2,2 milhões de barris diários, em três meses, até setembro de 2024, que será depois gradualmente eliminado durante um ano até setembro de 2025.

A decisão está a gerar diferentes interpretações por parte dos "players" do mercado petrolífero. Se, por um lado há quem argumente que a decisão é "bullish" e que deverá elevar os preços do crude, há ainda quem defenda que deverá pressionar.

"No início deste ano, quando os preços do Brent atingiram os 90 dólares por barril, havia uma expectativa crescente de que estes cortes voluntários começariam a ser anulados em 2024, mas os preços mais baixos desde essa altura anularam essa perspetiva. Assim, a redução gradual em outubro constitui uma surpresa positiva", escrevem os analistas da Jefferies, numa nota vista pelo Negócios.

Por outro lado, "a decisão é ligeiramente pessimista, uma vez que o mercado não estava à espera que a OPEP+ começasse a desfazer os cortes no quarto trimestre", afirmou à Reuters Vandana Hari, analista da Vanda Insights.

Também os analistas do Goldman Sachs, numa nota vista pela Reuters, entendem que "a comunicação de uma eliminação gradual [de cortes na produção] reflete um forte desejo de retomar a produção de vários membros, dada a elevada capacidade disponível".

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, recua 0,25% para 76,80 dólares por barril. Por seu lado, o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, cede 0,25% para 80,96 dólares.

A atenção do grupo tem-se virado para os equilíbrios entre a oferta e a procura, numa altura do ano que antecipa a "driving season" e o fim da manutenção da maior refinaria do mundo, na China. Tanto as previsões da OPEP+ como da Agência Internacional de Energia prevêem um aumento da procura, embora em escalas distintas, de 2,25 milhões de barris por dia e 1,06 milhões, consecutivamente.

Abdulaziz bin Salman, da Arábia Saudita, que preside à OPEP+, afirmou no passado domingo que não há "rocket science" nas previsões e reconheceu um cenário em que o relatório da OPEP poderá estar a fazer uma "avaliação mais elevada" sobre a procura de crude, mas que há igualmente "aqueles que também estão a ter uma visão muito pessimista sobre a procura".

Ler artigo completo