Líderes socialista e social-democrata querem ouvir do adversário que podem contar com o seu apoio, caso seja necessário aceitar um governo que saia de uma vitória em 10 de março mas não tenha o apoio da maioria do Parlamento.
A batalha política entre PS e PSD pelo reconhecimento de um governo minoritário do adversário continua em alta, com os líderes dos dois partidos a pretenderem assegurar, junto do oponente, que esse reconhecimento fica pública e definitivamente claro para os eleitores.
Numa conferência da CIP no Porto, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou que o PDS (ou a AD) não pode exigir do PS uma posição sobre o dia 11 de março se os social-democratas (e seus compagnons de route) não fizerem o mesmo. Do lado de Luís Montenegro, as declarações são em tudo semelhantes. Ou seja, nenhum dos dois maiores partidos portugueses está interessado em dar o primeiro passo, abrindo caminho a que ambos possam governar com o aval do adversário.
“Santa paciência”, disse, “O PS é o único partido que foi claro. Vai governar se ganhar ou conseguir constituir maioria”. “Não havendo reciprocidade, o PS sente-se desobrigado”, referiu.
Nesse contexto, Pedro Nuno Santos reafirma que o PS é o único partido que pode constituir um governo estável – isto se a esquerda tiver uma maioria, mesmo que o PS se fique pelo segundo lugar. Alternativamente, os socialistas só governarão em minoria de esquerda mas ganhando as eleições se o PSD der o seu aval, abstendo-se quando a isso for chamado.
Recorde-se que, ao longo do dia, Luís Montenegro e o líder do Iniciativa Liberal também passaram pelo mesmo fórum. Mas a partir da Alfândega do Porto, Pedro Nuno Santos não conseguiu ouvir qualquer palavra de apoio ou de possível apoio. Pelo contrário.
Luís Montenegro, considerou que o secretário-geral do PS não tem autoridade moral para falar de bagunças nos outros partidos e aconselhou-o a olhar para “demonstrada bagunça interna” do PS. “Que autoridade moral tem Pedro Nuno Santos para falar de bagunça? O doutor Pedro Nuno Santos está desesperadamente a tentar criar factos e coisas, mas é tão confuso que se atrapalha a ele próprio”, afirmou o líder dos social-democratas.
É mais uma evidência de que os dois partidos do lado direito do espectro político então em rota de crescente articulação: horas antes, no mesmo palco e perante a mesma plateia – que não estava ali para ouvir falar de política pura e dura, mas de como a política pode ajudar ao crescimento do país – o líder o Iniciativa Liberal disse o mesmo. O alinhamento, que não é novo, é cada vez mais evidente, num quadro em que previsivelmente tudo se vai decidir por blocos e não por partidos.