Putin evita cimeira do G20 no Brasil devido a mandado de captura do TPI

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O Brasil é signatário do Tratado de Roma e seria obrigado a respeitar a decisão do TPI e a prender em solo brasileiro o dirigente russo, alvo de um mandado de captura do Tribunal por alegados crimes de guerra na invasão russa da Ucrânia.

Putin acrescentou que mantém "relações magníficas e amistosas" com o seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo que não faria sentido viajar "para afetar o trabalho normal do fórum".

"Tenho uma relação de amizade com Lula. Iria lá de propósito para violar a decisão e arruinar a cimeira? Não. O governo russo terá um representante na cimeira", afirmou o Presidente russo.

Ainda assim, Putin disse que seria possível desenvolver soluções diplomáticas para evitar a sua detenção, com base num acordo formal entre os dois governos e questionou a legitimidade do Tribunal, criado em 2002.

"É uma das organizações internacionais cuja jurisdição a Rússia não reconhece. Tal como muitos outros países do mundo. Penso que os Estados Unidos também não a reconhecem, a China não a reconhece, a Turquia não a reconhece, por isso, não acho que seja mau que exista uma organização internacional como esta, mas é necessário que seja universal", disse.

"O respeito por um órgão que não é universal nem independente é muito baixo", reiterou.

O TPI emitiu um mandado de captura contra Putin em março de 2023 pelo seu alegado papel na deportação sistemática de crianças ucranianas para a Rússia, o que impôs restrições consideráveis à capacidade de viajar do líder russo.

Putin vangloriou-se ainda sobre o papel do grupo BRICS, formado por nove países, na economia mundial, afirmando que o seu PIB conjunto ultrapassa os 60 biliões de dólares.

"O PIB conjunto do grupo ultrapassa os 60 biliões de dólares, enquanto a sua quota na economia mundial excede a do G7 e continua a crescer", afirmou o chefe do Kremlin no Fórum Empresarial dos BRICS em Moscovo.

"O mercado internacional não pode sobreviver sem os BRICS, incluindo no domínio da tecnologia, como a inteligência artificial. Esta é a mudança mais tangível. É natural. O mundo está sempre a mudar. Novos líderes surgem", disse o líder russo.

Segundo Putin, o crescimento económico dos membros dos BRICS "dependerá cada vez menos de influências ou interferências externas", o que significa "soberania económica" e aumenta consideravelmente o potencial do grupo.

"O BRICS não é contra ninguém. O BRICS não é um grupo anti-ocidental. É apenas um grupo não-ocidental", adiantou.

De acordo com Putin, mais de 30 países demonstraram interesse em aderir ao bloco, mas o Kremlin afirmou que, para já, o grupo não vai aceitar mais países membros, mas sim Estados associados.

"Estamos atualmente a trabalhar numa nova categoria de 'Parceiros BRICS' e precisamos de um consenso. Teremos o cuidado de nos guiar por dois princípios: primeiro, o multilateralismo e, segundo, a eficiência da organização. Ao ampliar o número de países, não devemos perder a agilidade do bloco e é isso que vai orientar os nossos próximos passos", afirmou.

Durante a cimeira de Kazan, que terá lugar de 22 a 24 de outubro, os líderes dos países membros deverão definir os critérios para que outras nações possam participar nessa qualidade.

Durante a reunião, o Brasil assumirá a presidência dos BRICS por um ano, a partir de 01 de janeiro de 2025.

A Turquia, o Azerbaijão, Cuba e a Venezuela já manifestaram oficialmente o seu interesse em aderir aos BRICS.

O Brasil, a Rússia, a Índia e a China criaram o grupo BRICS em 2006, tendo a África do Sul aderido em 2010, acrescentando a letra "S" ao acrónimo.

Entretanto, em 2024, o agrupamento passou a incluir mais quatro membros: Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos e Etiópia.

A Arábia Saudita, por sua vez, está a ponderar a sua participação no bloco como membro de pleno direito, uma situação que poderá ser esclarecida durante a reunião de Kazan.

No encontro, deverão ser discutidos os avanços nas negociações para a adoção de uma moeda alternativa ao dólar no comércio entre os membros do bloco e a criação da categoria de "países parceiros".

Questões como a guerra no Médio Oriente também deverão ser abordadas mas o conflito na Ucrânia não estava na agenda.

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