Qatar "mais otimista" com nova proposta de trégua em Gaza

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"Se me perguntarem se estou hoje mais otimista que há alguns dias, diria que sim", afirmou o porta-voz do MNE qatari numa entrevista à estação televisiva pública britânica BBC.

Esta nova proposta de cessar-fogo poderá "colmatar o fosso" existente entre as duas partes em conflito, Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, que estão a negociar de forma indireta, com os Estados Unidos, o Egito e o Qatar como mediadores.

Al-Ansari sublinhou que a pressão dos Estados Unidos "será sempre decisiva para o êxito das conversações", embora sem entrar em mais pormenores sobre os termos do acordo que poderá ser alcançado.

Fontes palestinianas indicaram hoje que a nova proposta de trégua inclui um cessar-fogo de seis semanas, durante as quais se realizarão trocas de reféns por detidos palestinianos em prisões israelitas em três etapas.

O projeto de acordo, apresentado pelos mediadores a Israel, prevê a libertação de 25 palestinianos por cada refém libertado, o regresso de 250.000 deslocados do sul da Faixa de Gaza a vários pontos do norte daquele território e a retirada das forças israelitas de algumas zonas, segundo as mesmas fontes, citadas pela agência noticiosa espanhola EFE.

Os informadores indicaram que o Hamas estava "a insistir numa retirada completa e num cessar-fogo total e definitivo", mas o Egito e o Qatar convenceram o movimento islamita a "abandonar essa condição, porque Israel a rejeita".

Esta ronda de negociações, que decorrem em total secretismo, realizou-se no domingo à noite no Cairo entre as partes em conflito e os mediadores.

O canal televisivo Al-Qahera News -- próximo dos serviços secretos egípcios -- noticiou que as consultas serão retomadas nas próximas 48 horas e que se registaram "progressos" nas negociações.

Desde antes do Ramadão (mês sagrado do Islão) que se tenta chegar a um acordo de trégua que inclua um cessar-fogo, bem como a troca de reféns israelitas em Gaza por prisioneiros palestinianos em penitenciárias israelitas, mas todas as tentativas falharam até agora, devido a diferentes rejeições das condições apresentadas.

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 185.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 33.200 mortos, quase 76.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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