“Quarenta e dois mil euros por cama é brincar com as instituições que querem fazer cuidados continuados”

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14 ago, 2024 - 16:45 • Carla Fino

À Renascença, o Presidente da União das Misericórdias acusa o Estado de não pagar a 100% os investimentos feitos nas unidades de cuidados continuados, o que leva as Misericórdias a desistir de abri-las.

A União das Misericórdias não se surpreende com os números avançados, esta quarta-feira, pela Entidade Reguladora da Saúde sobre cuidados paliativos: quase metade (48%) dos doentes referenciados no ano passado morreram antes de ter vaga.

Ouvido pela Renascença, Manuel Lemos, Presidente da União das Misericórdias, afirma que já alertou vários governos para a necessidade de um maior investimento nos cuidados continuados.

"A União das Misericórdias sempre disse que o Estado tinha que investir em camas de cuidados continuados. E que tinha de investir muito. E o Estado português não investiu. E quando investiu, investiu mal: 42 mil euros por cama é brincar com as instituições que querem fazer cuidados continuados. Por isso, lamento muito, mas estou particularmente à vontade, porque o disse, porque o escrevi. A notícia de hoje tem, pelo menos, oito anos de atraso", diz.

O relatório da ERS sublinha a ausência de oferta destas unidades nas regiões Centro e Algarve e refere que 77% está concentrada na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Conclui ainda que a taxa de camas ajustada por 1.000.000 habitantes fica "aquém do limiar recomendado pela Associação Europeia para Cuidados Paliativos", que varia entre 80 e 100, abrangendo tanto o contexto hospitalar quanto o de cuidados continuados.

Ao nível da oferta, apenas o Alentejo apresenta uma oferta de cuidados paliativos superior ao limiar mínimo recomendado.

O Presidente da União das Misericórdias acusa o Estado de não pagar a 100% os investimentos feitos nestas unidades, o que leva as Misericórdias a desistir de abri-las.

"Não têm [cuidados continuados] porque o Estado não paga o que deve, que custa. E não têm porque o Estado não paga no investimento aquilo que a unidade custa. E, portanto, não é possível", diz.

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