Quase metade da população do Zimbabué passa fome, alerta Governo

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"O Governo tem de fornecer ajuda alimentar a seis milhões de pessoas que vivem nas zonas rurais (...). Nas zonas urbanas, 1,7 milhões de pessoas também precisam de ajuda alimentar", declarou o ministro da Agricultura do Zimbabué, Anxious Masuka, numa conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, em Harare.

O Zimbabué enfrenta um grave défice alimentar, agravado por uma seca causada pelo fenómeno meteorológico El Niño, que provocou uma redução de 70 a 75% das colheitas do país, disse Masuka.

A situação exige uma atenção urgente, alertou, estimando em 3 mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros) o custo da ajuda alimentar necessária, que o Governo procurará obter em parceria com o setor privado.

O Zimbabué dispõe de reservas de mais de 400.000 toneladas de cereais, que podem durar até outubro, disse Masuka, que sublinhou a necessidade de importar mais alimentos para o país da África Austral.

No final desta semana, espera-se que cheguem 10.000 toneladas de trigo da Zâmbia, para além das 270.000 toneladas recebidas da Rússia.

O Zimbabué vai também importar 1,4 milhões de toneladas de milho da Argentina, Brasil, México, Estados Unidos e Rússia até ao final de julho para aliviar a fome, segundo a Associação de Moageiros do Zimbabué (GMAZ).

O país africano vai assim aumentar as suas importações de milho, que desde 15 de outubro de 2023 atingiram as 427 mil toneladas, com entradas mensais de 100 mil toneladas, em média.

Em 03 de abril, o Presidente do Zimbabué, Emerson Mnangagwa, declarou o estado de catástrofe nacional devido à escassez de chuvas provocada pelo fenómeno El Niño, que provocou um défice alimentar que está a causar danos na maioria das famílias.

Mnangagwa disse que 1,7 milhões de hectares que tinham sido plantados com milho e outros cereais foram dizimados pelo calor sem precedentes e pela escassez de chuvas.

O El Niño é uma alteração da dinâmica atmosférica causada por um aumento da temperatura do Oceano Pacífico. Este fenómeno meteorológico está também a provocar chuvas torrenciais na África Oriental, que já causaram centenas de mortos no Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.

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