Queiroz Pereira conta como Ricardo Salgado "comprou" Marcelo Rebelo de Sousa

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Caso BES

22 out, 2024 - 11:31 • Diogo Camilo

Em testemunho ao Ministério Público, em 2018, Pedro Queiroz Pereira revelou que o BES era responsável por 70% dos trabalhos do escritório de advogados da então companheira do agora Presidente da República - e que Salgado a colocou como administradora da Semapa.

O antigo líder da Semapa, Pedro Queiroz Pereira, falou ao Ministério Público sobre os interesses entre o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, e o Presidente da República, revelando que a relação entre ambos foi recuperada através da entrega de trabalhos à companheira de Marcelo Rebelo de Sousa, Rita Amaral Cabral.

“O professor Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa influente na sociedade portuguesa e todos sabemos que o doutor Salgado é um homem poderoso”, começa por dizer, explicando que passavam férias juntos com as mulheres e que, a certa altura, houve uma “friagem grande”, quando Marcelo disputou eleições do PSD e falou mal do Grupo Espírito Santo (GES).

“No discurso foi conveniente falar mal dos grupos económicos e a relação ficou tremida. Só que os interesses eram grandes demais porque Marcelo tinha interesses políticos”, indicou Queiroz Pereira no depoimento ao Ministério Público em 2018, meses antes de morrer. O empresário indica que tudo aconteceu entre 2004 e 2005, mas Marcelo foi líder do PSD entre 1996 e 1999.

“O doutor Rebelo de Sousa tinha poder político, mas não tinha poder económico. O doutor Salgado tinha poder económico, mas não tinha poder político”, vai contando o antigo líder da Semapa, um dos primeiros a revelar o buraco nas contas do GES. Por isso, “encomendaram as mulheres”, como diz Queiroz Pereira, para promover um reencontro entre ambos.

Foi então que Salgado começa um plano para reatar relações com Marcelo, pegando no departamento jurídico do Grupo Espírito Santo e encomendando trabalho de cobranças ao escritório de advogados da companheira de Marcelo, Rita Amaral Cabral, para recuperar a relação com o agora Presidente da República.

Segundo a testemunha, “60 a 70%” do trabalho do escritório de advogados era dado pelo BES, com Salgado a colocar ainda a companheira de Marcelo como administradora da Semapa, a empresa em que Pedro Queiroz Pereira era líder.

E conclui: “Isto era uma forma de comprar o doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Ou não era?”

A sessão do julgamento do processo BES/GES agendada para esta terça-feira no Juízo Central Criminal de Lisboa será marcada ainda pela inquirição do banqueiro Fernando Ulrich.

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