"Quem devia ser julgado era o Banco de Portugal, não os administradores do BES", diz Ricciardi

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Caso BES

18 out, 2024 - 12:47 • Diogo Camilo

Ex-administrador do BES diz que Carlos Costa não deu conta de terem ficado de fora 500 milhões de euros que estavam reservados para a provisão dos lesados do banco.

José Maria Ricciardi sugeriu esta sexta-feira que quem devia estar a ser julgado no caso BES deveria ser o Banco de Portugal e o então governador, Carlos Costa, por terem dado ordem para a retirada do valor indicado para pagar aos lesados do banco.

Questionado no julgamento do caso BES sobre os 500 milhões de euros de provisão aos lesados que transitou do Novo Banco na resolução do Banco Espírito Santo, o ex-líder do BESI afirmou que, apesar de terem sido contratados mais de 200 funcionários para fazer a separação entre o “banco bom” e o “banco mau”, constatou-se de que não foram reservados esses 500 milhões de euros em provisões aos lesados - que não faziam falta nas contas do banco.

“O Banco de Portugal e Carlos Costa disseram: ‘Vamos tomar a conta dos lesados, porque não é uma conta que afete o BES e que se lixem os lesados. Vamos deslocar o dinheiro para os créditos das contas que a gente fez mal no Banco Espírito Santo’”, referindo que o supervisor apresentou ainda uma “proposta enganadora”, obrigando lesados a assinar um documento em que só ficariam com “70 ou 80%” do que tinham perdido.

“Quem devia ser julgado não eram os administradores do BES, foi quem deu ordem para revogar a provisão aos lesados”, acrescentou.

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Prémios? “Não recebia porque o meu pai não queria dividir comigo”

Ricciardi falou ainda sobre os milionários prémios da Espírito Santo International, contando que apenas soube que estes eram distribuídos em 2014.

Até aí, e depois do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES) ter aumentado de cinco para nove membros - passando cada ramo da família a ter dois representantes, à exceção da de Ricardo Salgado -, a maioria dos membros passaram a dividir entre si os valores dos prémios.

Mas Ricardo Salgado e o pai de Ricciardi, António Luís, recebiam o valor completo. “O meu pai não me dava nada de prémios da ESI. Não recebia porque o meu pai não queria dividir comigo”, disse.

Só depois numa reunião do Conselho Superior em 2014 é que descobriu que outros membros do GES também recebiam estes prémios, inclusive o seu vice no BESI, contando um episódio caricato.

“Até fiquei revoltado porque o Ricardo Abecassis, que estava abaixo de mim, queixava-se que recebia pouco e disseram-lhe que não podia receber mais que eu, a não ser que me aumentassem. E afinal recebia muito mais dinheiro na ESI do que eu não sabia”, desabafou.

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