"A perder alguma coisa que seja a Taça da Liga. Não crucifico Schmidt"

8 meses atrás 64

O Benfica falhou, na noite de quarta-feira, um dos títulos da temporada. A derrota contra o Estoril, em Leiria, ditou a eliminação dos encarnados da Taça da Liga, prolongando um jejum de títulos nesta competição que dura desde 2016.

Este desaire nos penáltis, que interrompeu uma série de oito vitórias seguidas que os encarnados levavam em todas as provas, ficou marcado por uma grande surpresa no onze inicial. Roger Schmidt decidiu promover o regresso ao onze de Petar Musa, que não era titular desde novembro do ano passado e se diz poder estar de saída nesta janela de inverno.

Em entrevista concedida ao Desporto ao Minuto, Bruno Costa Carvalho, ex-candidato à presidência do Benfica, considera que o avançado croata é um atleta de grande qualidade e que não foi pela sua titularidade que as águias perderam a partida.

"Com essa aposta, o treinador quis mostrar ao presidente do Benfica que conta com Musa e que gostaria de o manter no plantel. Essa é a leitura que faço. O Musa quando entra na equipa é, na maioria das vezes, na condição de suplente e costuma marcar. Não foi por causa desta opção que o Benfica não ganhou a eliminatória. O Benfica teve muitas oportunidades e a bola não entrou. A maior parte das pessoas olhou para esta aposta como surpreendente. O Musa é um jogador que pode justificar a titularidade. Ele tem qualidade para jogar no Benfica. E se formos ver, o Arthur Cabral não tem marcado muito mais golos do que o Musa. Estarmos a tentar crucificar o Roger Schmidt... Eu não o faço", começou por dizer.

"O Benfica entrou no jogo com alguma displicência, o que não é bom. Deviam ter entrado de outra maneira. Depois emendou a mão. Perderam nos penáltis e isso acontece no futebol. O Benfica merecia ter ganho o jogo e fez por isso. Basta ver as estatísticas do jogo para confirmar isso mesmo. Só acho que a equipa podia ter entrado no jogo mais forte. Fizeram o suficiente para ganharem o jogo", prosseguiu.

Questionado sobre se as substituições tardias indiciaram que Roger Schmidt estava mais a pensar no desempate por penáltis do que na resolução do encontro no tempo regulamentar, Bruno Costa Carvalho sublinhou que o alemão tentou ganhar o jogo nos 90 minutos.

"Vi algumas substituições para ganhar o jogo e a mudança dos laterais prova isso mesmo. Temos visto o Roger Schmidt fazer muitas substituições tardias e isso por vezes resulta. Admito que também tenha pensado nos penáltis. Quando o tempo se está a esgotar, é preciso tentar maximizar as hipóteses de ganhar o jogo e não acho isso um erro. Se não consegue ganhar o jogo nos 96 minutos, é preciso pensar-se nas grandes penalidades. Qualquer treinador inteligente faz isso. O Benfica pressionou muito e teve várias ocasiões de golo. A bola apenas não entrou", ressalvou.

Os efeitos do desaire e a renovação de Rafa

Após a eliminação contra o Estoril, Roger Schmidt frisou que "não é uma vergonha perder contra o Estoril", dado que os canarinhos já venceram o FC Porto em duas ocasiões esta época. Questionado sobre eventuais efeitos negativos na equipa deste desaire em Leiria, Bruno Costa Carvalho considerou que o Benfica dará a volta por cima a esta derrota.

"Acho que não vai afetar em nada a equipa. Temos de ter a noção de que isto foi um jogo da Taça da Liga. Claro que era bom ganhar este título, mas não me parece que este jogo vá deixar grandes sequelas. Na ordem de importância dos troféus, e o Benfica deve tentar ganhá-los a todos, a Taça da Liga talvez não seja o mais importante para o clube ganhar. Claro que existia uma grande oportunidade de jogar uma final contra o Sporting de Braga e, provavelmente, ganhar o jogo, mas isso não aconteceu", vincou.

"Daí que tenha dito que o Benfica devia ter entrado com outra vontade no início do jogo. O Estoril perdeu de forma pesada contra o Sporting há uns dias, mas também já ganhou ao FC Porto para o campeonato e eliminou-o da Taça da Liga. Talvez o Benfica não tenha olhado com a atenção devida... Nestes jogos a eliminar acontece sempre futebol, se não ganhavam sempre os mesmos. Os objetivos que o Benfica tinha mantém-se intactos. Eu sou benfiquista e queria que o Benfica ganhasse, mas ver uma final entre o Braga e o Estoril é engraçado. Não acho que vem mal ao mundo", referiu Bruno Carvalho, assumindo que prefere que a equipa conquiste o campeonato ao invés da Taça da Liga.

"Não acho que esta derrota coloque em causa tudo o que Roger Schmidt tem feito. Ele tem sido muito criticado por muitos benfiquistas... Mas a perder alguma coisa que seja a Taça da Liga e possamos ganhar o campeonato. O Benfica reforçou-se muito nesta janela de inverno. E o que queremos é ganhar o campeonato", destacou.

Nas últimas semanas, Rafa Silva tem sido uma das figuras preponderantes da equipa. Tudo isto numa altura em que o avançado está em final de contrato e tem propostas do Médio Oriente, mas também de Itália. Bruno Costa Carvalho considerou que o clube da Luz deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para manter o português.

"Nem me passa pela cabeça que o Benfica não faça tudo o que for razoável para que o Rafa fique. Agora, ele tem 30 anos e, se tiver essas propostas irresistíveis, é muito difícil que fique. Quando uma pessoa chega a uma altura em que pode resolver de vez os problemas da sua vida, é difícil contrariar. Só se pode fazer o possível. Eu gostava que o Benfica fizesse tudo o que é possível para ele ficar, dentro do razoável. O Rafa vai ser um jogador muito difícil de substituir. É o melhor jogador em termos de criatividade e, provavelmente, o mais importante no clube. Todos os benfiquistas gostam muito do Rafa e os que o criticam ainda vão ter muitas saudades dele. Mas o Benfica não pode perder a cabeça por ele... Fazer o possível, mas sem cometer loucuras", finalizou.

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