"Em 2019 fui eleito, em 2022 reeleito, agora não. É o jogo democrático"

1 mes atrás 32

O (ainda) Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, afirmou, esta quinta-feira, que ficar de fora do Parlamento na próxima legislatura "foi uma derrota num circo eleitoral que é tradicionalmente muito difícil para o PS".

"Em 2019 fui eleito, em 2022 fui reeleito, agora em 2024 não fui reeleito, é o jogo democrático", afirmou, em declarações à RTP3.

Santos Silva tem ainda a convicção que os episódios com o Chega no Parlamento não tiveram impacto no resultado, uma vez que "há fenómenos". "Em primeiro lugar, o incremento de um partido, quer no país, quer nas comunidades. E, depois, nos círculos ditos da emigração, dois fenómenos específicos, que foi uma votação muito anómala na Suíça - que retirou um deputado à AD - e também uma votação muito forte no Chega no Brasil - que retirou um deputado ao PS", destacou.

"Essas razões devem ser agora estudadas com cuidado, para ver o que temos de melhorar na relação com o eleitorado porque uma coisa é certa: as pessoas escolheram livremente e o que as pessoas escolhem é o que conta", destacou Santos Silva.

Ainda sobre os episódios com o Chega no Parlamento, quando questionado se faria diferente se pudesse voltar atrás, Santos Silva respondeu que se limitou "a cumprir as obrigações que o regimento determina". "Quando um deputado nesta Assembleia [da República] chama bandido a um Presidente da República de um país irmão de Portugal, isso é manifestamente injurioso e o regimento manda-me advertir o que o deputado disse - e foi o que eu fiz".

Para o presidente da Assembleia da República, "há um grupo parlamentar que se distinguiu pela frequência com que criava incidentes e não me parece que fosse digno que um presidente do Parlamento abdicasse das suas responsabilidades regimentais só para que esse grupo pudesse fazer à vontade esse tipo de atuação".

Recorde-se que terminada a contagem dos votos dos círculos da emigração, o Chega foi o vencedor das eleições no estrangeiro, obtendo 18,30% dos votos, o que garante dois deputados - um pelo círculo da Europa e outro pelo círculo Fora da Europa.

Por sua vez, a Aliança Democrática foi a segunda força mais votada (16,79% dos votos), ganhando um deputado (círculo Fora da Europa). O PS conseguiu 15,73% dos votos e um deputado pelo círculo da Europa.

Assim sendo, pelo círculo eleitoral Fora da Europa, foram eleitos José Cesário pela AD e Manuel Magno do Chega, um resultado que deixa de fora do Parlamento o atual presidente Augusto Santos Silva. Por sua vez, pelo círculo eleitoral da Europa foram eleitos Paulo Pisco pelo PS e José Dias Fernandes pelo Chega.

De acordo com o jornal Público, esta é a primeira vez que um  presidente da Assembleia da República não consegue a sua reeleição como deputado, o que poderá também representar um 'travão' a uma eventual candidatura de Santos Silva a Belém.

[Notícia atualizada às 11h44]

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