"Foi para o céu". Forçados a crescer, órfãos em Gaza lembram os pais

8 meses atrás 95

Quando acorda durante a noite, Laila al-Sultan, de 7 anos, grita pelo pai, que foi morto durante um ataque israelita em Gaza. Esta criança é apenas uma entre milhares de órfãos que foram forçados a amadurecer num cenário de guerra, no qual o luto e o medo andam de mãos dadas.

A menina e o irmão de 4 anos, Khaled, veem-se perante uma vida sem o pai, enquanto a mãe luta pela sobrevivência da família naquele enclave em ruínas. A sua casa é, agora, uma tenda em Rafah.

"A casa desabou sobre nós e o papá foi para o céu e está muito feliz", disse Khaled, à medida que saltava no colo da irmã, citado pela agência Reuters.

Laila, que ficou ferida no ataque que vitimou o pai, leva no rosto cicatrizes desse momento. O medo de novos bombardeamentos anda de mãos dadas com o luto pelo progenitor, que amava "tanto quanto há peixes, céus, e tudo mais".

"O meu pai foi martirizado. O meu tio Awad foi martirizado, assim como os meus tios Ibrahim, Suhaib e Baha. Todos ficámos feridos e aqui estou eu, com uma lesão na perna", lamentou.

Enquanto acende o fogo para aquecer uma panela, Ahmed al-Saker, de 13 anos, não contém as lágrimas ao recordar o pai, que foi morto num ataque israelita.

"Costumava cantar para mim na hora de dormir e abraçar-me. A minha mãe não consegue aguentar todas estas preocupações e cuidar sozinha do meu irmão ferido", disse.

Como se a realidade da guerra não bastasse, estes milhares de órfãos têm, agora, de enfrentar trabalho extra na sua vida entre os escombros do que chamavam casa.

"O meu pai partiu. Ajudava sempre a minha mãe. Ajudava na cozinha e ajudava-nos nos estudos. Agora morreu, Deus abençoe a sua alma, e nesta idade terei de ter mais responsabilidade para ajudar os meus irmãos mais novos", detalhou Raghad Abu Nadi, de 14 anos.

Apesar de tudo, os bombardeamentos continuam a assolar o enclave palestiniano, onde os sobreviventes encontram abrigo nas escolas, em tendas ou em barracas.

Depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.

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