"Se soubesse teria morrido com ele". Jovem homenageia amigo morto em Gaza

Al-Hassan Mattar, um jovem estudante de 21 anos, morreu na semana passada quando um ataque israelita destruiu a casa da família em Deir el-Balah, uma cidade central de Gaza. O bombardeamento matou ainda o pai, a irmã, de 12 anos, a avó e outros familiares de Al-Hassan. O jovem foi agora homenageado por um amigo, que garante que se soubesse que estava a ver Al-Hassan pela última vez "teria ficado lá e morrido com ele". 

Abed recordou que o amigo vivia numa casa "modesta de dois andares" e que costumavam ficar na varanda, enquanto comiam ou estudavam. Os dois estiveram juntos pela última vez no dia 28 de novembro, quando Abed foi até casa do amigo, onde jantaram uma refeição cozinhada pelos dois. "Se Deus quiser, esta guerra terminará muito em breve e teremos mais momentos como este, em paz e conforto", disse nesse dia Al-Hassan. Abed foi depois embora e não voltou a ver Al-Hassan Mattar. 

A casa da família Mattar foi bombardeada pelas forças israelitas. Al-Hassan  e vários familiares morreram no ataque. "Se eu soubesse que aquela seria a última vez que o veria, teria ficado lá e morrido com ele", garantiu Abed. 

De acordo com a Al Jazeera, os dois jovens eram amigos há três anos, depois de se reencontrarem numa aula na Universidade Islâmica de Gaza. Já tinham estudado juntos numa escola da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). 

"Demorei mais de um dia para confirmar se ele tinha morrido ou não. Tal é o caos da guerra", afirmou Abed, que lamenta não ter conseguido falar com o amigo antes do ataque. "Um dia antes, ele tentou ligar-me várias vezes, mas os sistemas de telecomunicações tinham sido atingidos por bombas", lembrou o jovem. 

No dia do ataque que vitimou Al-Hassan, Abed lembra que acordou com "sensação de preocupação no peito". No final da manhã ouviu uma explosão e pouco tempo depois foi informado que o último ataque aéreo tinha ocorrido "na casa da família Mattar". Abed foi de imediato para o hospital, mas "não havia sinal" do amigo. "Fui para casa em lágrimas", contou. 

No dia seguinte,  Abed voltou ao hospital para saber notícias da família Mattar e foi informado da morte do amigo. "Desmaiei num canto do hospital", garante Abed. 

"Não acredito que ele se foi. Eu nem me reconheço", assumiu o jovem. 

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