"Vou voltar a treinar em Portugal. Apontem, não tenho dúvida nenhuma"

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Já depois de ter dado nas vistas como jogador, mais concretamente como defesa-central, Paulo Turra cumpriu o sonho de se tornar treinador, logo após o encerramento da carreira de futebolista, tendo, inclusive, passado recentemente por Portugal, ao serviço do Vitória SC.

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o ex-adjunto de Luiz Felipe Scolari explicou como surgiu o convite por parte do antigo selecionador da equipa das quinas para integrar a sua equipa técnica durante seis anos, até que, no ano passado, voltou ao cargo de treinador principal (desempenhado entre 2008 e 2016).

O técnico de 50 anos abordou o (surpreendente) despedimento do Athletico Paranaense, com cerca de 70% de aproveitamento de vitórias, seguindo-se aventuras de pouco mais de um mês, tanto no Santos, como no Vitória SC. Apesar de todas as contrariedades, Paulo Turra confessa sentir-se grato por todas as oportunidades, sem guardar qualquer tipo de rancor da equipa.

Defensor da ideia de que "nada acontece num estalar de dedos", Paulo Turra apoia-se na 'bengala' de dar o 'tudo por tudo' para continuar "na primeira linha", garantido que voltará a treinar em Portugal, onde já contou com propostas desde a saída algo atribulada do emblema de Guimarães.

A bagagem que uma pessoa adquire ao lado de um dos maiores treinadores do mundo, como é o Felipão [Luiz Felipe Scolari], é imensurável.

Passou por vários clubes de pouca expressão no Brasil em sete anos até que foi chamado por Luiz Felipe Scolari, em 2017, para ser adjunto do Guangzhou FC, na China. Como reagiu a esse convite?

É para se ver que até nisso Portugal me trouxe coisas boas... Gosto muito de Portugal e sou grato por tudo, além dos clubes pelos quais passei, mas também pelas amizades que criei. Eu tinha conquistado o meu primeiro título da carreira, que foi a segunda divisão do campeonato Paranaense, em 2016, invicto pelo Cianorte. A final foi em julho e depois recebi um convite de um amigo meu para ir a Portugal, em outubro, sendo que ele tinha jogadores no Vitória. Aproveitei e fui. O treinador dos sub-19 do Vitória era o Alex Costa, que foi meu colega de equipa. Reencontrei ainda o Jorge Couto no Boavista. Fui muto bem recebido em ambos os clubes.

Até que um dia, num hotel no Porto, recebi um aviso de email logo pela manhã e vi que era do senhor Luiz Felipe Scolari. Curto e reto. Convidou-me se queria trabalhar na equipa dele em 2017 porque um dos adjuntos dele estava com um problema familiar e teve de voltar ao Brasil. Logo na hora eu disse 'Professor, eu estou dentro. Não tenha dúvida nenhuma'. Tinha contrato com o Cianorte, mas eles iriam entender perfeitamente. Logo a seguir, enviou-me outro email para eu não comunicar nada ao Cianorte. Disse-me que ia apresentar o meu nome ao presidente [do Guangzhou]. Acabei por ir para a China em 2017. No primeiro titulo disputado, ganhámos logo a Recopa da China. Fomos campeões chineses também. A bagagem que uma pessoa adquire ao lado de um dos maiores treinadores do mundo, como é o Felipão, é imensurável.

Seguiram-se seis anos ao lado de Scolari em emblemas como Palmeiras, Cruzeiro, Grémio e Athletico Parananese. O que aprendeu durante esse período?

Adquiri muita experiência, muito conhecimento. Quando eu falo de Felipão, falo também de toda a equipa técnica dele, o Murtosa [Flávio da Cunha Teixeira], o Darlan Schneider e o [Carlos] Pracidelli. Tudo isto em clubes mundiais. Da China fomos para o Palmeiras, onde fomos campeões brasileiros. Seguiu-se o Cruzeiro, que estava em penúltimo lugar da Série B, também pelos problemas financeiros, mas saímos de lá com o clube na 11.ª posição. No Grémio, estivemos lá até ao final da primeira volta, até que veio o Athletico Parananese em 2020. Não é da dimensão dos outros, mas é um clube muito grande no Brasil. É uma das melhores estruturas do Brasil e, quem sabe, do mundo. Pegámos no clube na 16.ª posição do Brasileirão e tínhamos de ganhar dois jogos na fase de grupos da Libertadores para nos qualificarmos. No final da época, fomos vice-campeões da Libertadores, onde perdemos para o Flamengo, e ficámos em sexto lugar no Brasileirão, algo que garantiu o acesso à fase de grupos da Libertadores de 2023. Aí assumi como treinador.

Não é à toa que o Felipão ganhou 30 títulos na sua carreira. Ninguém ganha um título por sorte. Dois títulos por sorte. Ganha-se com mérito. Ele entende muito de futebol. Procura estar sempre atualizado. É alguém de excelência na gestão do grupo, no comprometimento com o clube e na seriedade. É espetacular. Com ele não há 'treta'. É preto no branco sempre. Adquiri muito com ele, além de eu já ter o meu ADN. Sei bem qual é o sofrimento de chegar a um patamar como eu cheguei ao lado do professor Felipe. Tive experiências espetaculares ao lado dele. 

Notícias ao MinutoPaulo Turra desempenhou o papel de adjunto no Guangzhou, Palmeiras, Cruzeiro, Grémio e Athletico Paranense. Tudo no espaço de meia dúzia de anos.© Getty Images  

Era o principal adjunto dele?

No meu primeiro ano, na China, era o segundo adjunto. O primeiro era o Murtosa, mas eu já trabalhava muito com os treinos, as táticas e os vídeos. Eu ajudava a que tudo chegasse pronto ao Felipe. Quando o Murtosa saiu, assumi a função de principal adjunto. Eu trabalhava muito na organização dos treinos. Passava para o computador o que ele queria para o próximo treino, mediante conversas que tínhamos. Eu já sabia o que ele queria. Tínhamos uma metodologia de trabalho em que eu, às vezes, nem precisava de conversar com ele. Ele tinha sempre a última palavra. Nos jogos ficava ao lado dele. Dialogávamos, passava-lhe informações que vinham de cima [do estádio] na análise de vídeo e ajudava-o na gestão de grupo no dia a dia. Eu já fazia realmente o trabalho de treinador. Já comandava muitos treinos.

'Recuar' de treinador principal ao fim de vários anos para treinador adjunto foi um passo atrás necessário para poder evoluir?

Se o treinador principal for Luiz Felipe Scolari, sim. Não tenho dúvida nenhuma. Os seis anos em que eu estive ao lado dele acrescentaram-me muito em termos de experiência, convivência e exposição. Ser adjunto do Felipão não é para qualquer um. Basta imaginar quantos profissionais gostariam de estar no meu lugar... Ser adjunto do Scolari deu automaticamente essa credibilidade de poder, após a saída dele do clube, assumir o Athletico Paranaense como treinador principal, em que iria disputar uma Libertadores e um campeonato brasileiro. Consegui ainda treinar o Santos e o Vitória. São experiências únicas. Só tenho de agradecer e enaltecer. Não estive lá por favor. Estive lá porque o professor Felipe foi diretamente atrás de mim. Fui convidado por mérito. Ele acreditou no meu trabalho. Estive ao lado dele e tivemos muito sucesso.

Quando o Felipão saiu para assumir o Atlético Mineiro, como treinador, convidou-me se queria ir com ele. Disse-lhe que não.Os números no Athletico Paranaense, como treinador principal, até foram positivos, com 25 triunfos em 36 jogos. Por que motivo foi despedido?

É simples e objetivo. O professor Felipe comunicou a sua saída do cargo de diretor no Athletico Paranaense e, minutos depois, recebi uma chamada do CEO do clube, Alexandre Mattos, a comunicar a minha saída do comando técnico. Segundo ele e o presidente do clube, eu fazia parte do projeto do Luiz Felipe Scolari. Eu fui uma escolha dele. Quando o Felipão saiu para assumir o Atlético Mineiro, como treinador, convidou-me se queria ir com ele. Disse-lhe que não. Ainda acreditava nas nossa hipóteses nas três competições onde estávamos. Afinal de contas, estávamos bem na Libertadores e em sexto no campeonato brasileiro, além do apuramento para os 'quartos' da Taça do Brasil, já depois de termos eliminado o Botafogo, de Luís Castro, líder destacado do Brasileirão. Depois a verdade é que eu fui desvinculado do clube naquele momento com aproveitamento de vitórias de cerca de 70%, mas eu entendi e respeitei muito. O Alexandre Mattos já podia ter outros treinadores em mente e deu sequência ao trabalho no clube. Saí pela porta da frente de um clube espetacular, com uma estrutura muito boa. Sou muito grato.

Sensivelmente duas semanas depois, o Paulo Turra ruma ao Santos, numa passagem curta com apenas um triunfo em sete jogos. A mudança foi precipitada ou não lhe deram tempo suficiente?

Não me arrependo, em nenhum momento, de ter assumido o Santos. É um clube espetacular. Tive amigos que, naquela altura, disseram que eu estava maluco por assumir o Santos, que já vinha com três anos numa onde de maus resultados. Em nenhum momento hesitei em aceitar a proposta. Foi apenas uma questão de acertar os números [do contrato]. Sou muito grato por ter treinado, mesmo que por 39 dias, o clube do Pelé. A estrutura poderia ser melhor, mas era o que tínhamos. Tenho mensagens de jogadores no final da época, após a minha saída, a dizer que se eu tivesse continuado no clube, eles acreditavam que o Santos não teria caído [para a Série B]. O ambiente tornou-se muito  bom com a minha chegada. Contratámos alguns jogadores muito interessantes, que têm tido o seu sucesso. Aconteceu comigo, amanhã acontece com outra. A carreira de treinador é assim.

O último jogo que fiz pelo Santos foi contra a minha ex-equipa, o Athletico Paranense. Fomos para o intervalo a perder (0-1) e, com as mudanças que fiz no segundo tempo, quase virámos o jogo. Só não aconteceu porque o árbitro anulou um golo ainda antes da bola entrar. Depois o VAR viu que o golo era legal, mas o árbitro já tinha apitado. No fim do jogo, recebi mensagens de alguns jogadores [do Athletico Paranaense], de quem fiquei amigo, a dizer que eu estava a evoluir no Santos. Acontece que o presidente do clube reuniu comigo, disse que a pressão nas redes sociais estava a ser muito forte e não tinha como me manter [no clube].

Os treinadores portugueses, mas também de outras nacionalidades, são muito bem recebidos no Brasil. Claro que, tal como em Portugal ou qualquer outro país do mundo, há sempre alguém com dor de cotovelo, meio recalcado.Nesse período em que esteve no Brasil, cruzou-se com treinadores portugueses como Luís Castro, Abel Ferreira, Pedro Caixinha, Vítor Pereira ou António Oliveira. Como avalia essa crescente presença de técnicos lusos no Brasil?

É muito benéfica. Não só os treinadores portugueses, mas também de outras nacionalidades, são muito bem recebidos no Brasil. Claro que, tal como em Portugal ou qualquer outro país do mundo, há sempre alguém com dor de cotovelo, meio recalcado. Hoje temos um mundo totalmente diferente do que era há dez anos. Quando eu fui para a China, como adjunto [no Guangzhou], fui muito bem recebido lá, com muito respeito. Os treinadores portugueses foram e continuam a ser muito bem recebidos aqui. Os argentinos, os uruguaios e os colombianos que por aqui passaram também, mas especialmente os portugueses, até pela língua que é igual. O António Oliveira, por exemplo, chegou ao Brasil para ser adjunto no Athletico Paranaense e foi 'galgando'. O Brasil deu-lhe essa possibilidade, de ser adjunto, de fazer a licença PRO da CONMEBOL [Confederação Sul-Americana de Futebol] e da CBF [Confederação Brasileira de Futebol], até porque ele quando aqui chegou não tinha a licença da UEFA. Hoje está no Corinthians e muito bem. Cresceu no futebol no Brasil, desde jovem, como muitos brasileiros.

Outros treinadores de renome são Jorge Jesus, Luís Castro, Vítor Pereira e, claro, o Abel Ferreira, que tinha passado pelo [Sporting de] Braga e Olympiacos, sendo hoje o treinador mais consagrado no Brasil. É alguém muito respeitado. Isto também é bom porque é um alerta aos treinadores do país para poderem evoluir. Não podemos ficar parados, a concorrência é grande e o mundo mudou muito. Acho muito benéfico que essa troca de conhecimentos exista. Precisa de haver uma regulamentação maior. Quando fui para Portugal, com a minha licença pro da CFB e da CONMEBOL, além de seis anos junto de Scolari, apenas tive equivalência para ser treinador adjunto. Houve muito trabalho por parte do Vitória nesse sentido e, nos últimos dois jogos em Portugal, até fui multado por estar um pouco mais à frente na área técnica, a rondar os oito mil euros por jogo.

Notícias ao MinutoPaulo Turra orientou o Vitória SC na reta inicial da presente temporada, com dois triunfos em seis jogos, acabando depois por ser substituído por Álvaro Pacheco.© Getty Images  

Apanhou um Vitória SC algo instável, em que começou com uma vitória, seguiram-se três derrotas, um empate e um triunfo a fechar a passagem. Fale-nos das suas emoções naquelas semanas perante a pressão dos adeptos e das redes sociais.

A pressão faz parte. Temos é de analisar a pressão. Se a equipa estava a jogar bem ou mal ou se era por ser treinador adjunto ou brasileiro. Quando eu entrei definitivamente no Vitória, sabia para o que ia. Era uma equipa que tinha sido eliminada da Liga Conferência Europa e com um ambiente pesado à conta disso. Sabia de alguns problemas de ordem ali dentro [do clube]. O Nuno Leite, vice-presidente, ficava após os treinos para conversarmos e eu dizia-lhe que a equipa era muito boa, pelo trabalho que estava a ser feito e pelo entendimento entre os jogadores. O trabalho em relação ao anterior [de Moreno] era bem diferente. Disseram-me isso também. Nesse tempo de adaptação à minha metodologia, eu sabia que a minha equipa ia fazer uma grande campanha, até com uma certa tranquilidade no acesso às competições europeias.

A minha grande alteração tática passou por transformar um 5-3-2 em 5-2-3. Acredito que foi mais por aí. Meti o [João] Mendes pelo lado esquerdo, em que eu até lhe dizia que parecia um brasileiro. Ele conseguia imaginar tudo. Dei também mais condições ao André Silva e ao Jota Silva para terem menos espaço para correr, mas com outro detalhe. Na defesa ainda não tinha o [Ricardo] Mangas e o Toni [Borevkovic], em processo de recuperação. Coloquei o Manu com o Jorge Fernandes e ainda efetivei o Tomás Ribeiro, com a lesão do Mikel [Villanueva]. O Bruno Gaspar vinha de uma temporada inconstante e comigo teve um problema de lesão no primeiro jogo, frente ao Vizela (2-0), pelo que ficou de fora e depois já estava muito bem fisicamente. Acredito que dei mais poder ofensivo ao Vitória, mas acidentes acontecem, perante uma metodologia de trabalho diferente tem vários aspetos. Creio que o treinador que chegou depois [Álvaro Pacheco] não fez muitas mudanças taticamente. Manteve a base. Os jogadores são muito bons.

Sente-se injustiçado pela direção ou pelos adeptos do Vitória SC?

Não. Só o tempo irá dizer. O que eu posso dizer dos adeptos é que me sinto grato. Pelo trabalho que fiz junto da minha equipa técnica, debatido com todo o staff do clube, acredito que, para aquilo que estava a ser um início, o trabalho estava a ser muito bem feito. Se foram injustos ou não, só o tempo irá dizer, mas sei que quando regressar a Portugal vou ser respeitado em Guimarães, tanto pelo Vitória, como pelo Boavista. Acima de tudo, sou um homem frontal. Fui capitão em todas as equipas que passei, exceto no Vitória, onde estava o Cléber e outros jogadores com muitos anos de casa. Sempre tive uma liderança idealizada por mim e não imposta por ninguém. Eu tenho a minha liderança. Como jogador era assim. Como treinador também. Trabalhei ao lado de um dos melhores treinadores do mundo [Luiz Felipe Scolari]. Podem apontar que vou voltar a trabalhar como treinador em Portugal. Não tenho dúvida nenhuma.

O Cristiano Ronaldo, com 39 anos, quer evoluir ainda. O José Mourinho, com 61 anos, também. O [Pep] Guardiola igual. Nós, treinadores, temos de evoluir.

Não há muitos treinadores brasileiros a passar por Portugal, embora tenhamos exemplos de sucesso como Otto Glória, Marinho Peres e Luiz Felipe Scolari. São trajetos inspiradores para si, no sentido de querer regressar a Portugal?

Sim. O mundo é feito de ciclos. Há coisas é que simplesmente não acontecem num estalar de dedos. Acho que este momento que os treinadores brasileiros estão a passar, ao verem tantos treinadores estrangeiros no Brasil, é importante para despertar a vontade de evoluir. Não é que não houvesse vontade, mas é o dever que todo o profissional do futebol precisa. E não só. O Cristiano Ronaldo, com 39 anos, quer evoluir ainda. O José Mourinho, com 61 anos, também. O [Pep] Guardiola igual. Nós, treinadores, temos de evoluir. Aquela questão de que os treinadores portugueses são os melhores e estão espalhados pelo mundo também já se passou com os brasileiros há uns tempos, sobretudo no mercado árabe.

O Vanderlei Luxemburgo esteve no Real Madrid [entre 2004 e 2006].  O Luiz Felipe Scolari esteve no Chelsea [em 2008/09]. Sem forçar e com naturalidade, os treinadores brasileiros irão regressar em força à Europa e ao mercado sul-americano. Tudo a seu tempo. Estamos a capacitar-nos cada vez mais. O Paulo Gomes, treinador do Botafogo de Ribeirão Preto, por exemplo, não tem licença PRO da UEFA, mas tem a da CBF. Fez um belíssimo campeonato paulista e fez as licenças da CBF comigo, onde foi meu colega. Esse intercâmbio vai acontecer. Temos de mostrar mais capacidade. Temos de ter as equivalências ajustadas.

O que tem feito no Brasil ao longo deste meio ano sem clube?

Até ao Athletico Paranaense, eu ainda estava com uma parte da equipa técnica do professor Felipe. Não era a minha equipa técnica idealizada. No Santos já iniciei esse processo. Levei quatro profissionais comigo. Para o Vitória consegui levar três. Após 39 dias no Santos e 42 dias no Vitória, acaba por ser pouco conhecimento. Somos amigos, mas ainda não tínhamos trabalhado juntos propriamente. Andamos a fazer duas reuniões semanais por videochamada. Estou também a fazer três aulas semanais de inglês.

Tenho acompanhado muitos jogos pela televisão, sendo que depois fazemos a análise disso, com softwares que temos à disposição. Estive também a fazer um curso relacionado com o trabalho de uma SAD. Acho importante, como treinador, entender esse conhecimento que envolve o futebol. Vou ainda inscrever-me num curso executivo de futebol, até para perceber melhor o conhecimento dos profissionais. Além disso, eu vou com a minha equipa técnica para o Rio de Janeiro, em abril, sem família, para trabalharmos internamente, até que depois iremos assistir à final do campeonato carioca para fazer análises individualmente.

Quero ser um treinador de primeira linha do futebol brasileiro e não só. Preciso de ter uma sequência de clubes de topo. Tenho condições para isso.

Recebeu mais convites desde que saiu do Vitória?

Recebi vários. Quando cheguei a Portugal, tive um convite de uma equipa portuguesa. Também já recebi convites da Grécia e da Rússia, mas colocou-se a perspetiva financeira e também os momentos dos clubes. Depois regressei ao Brasil. Já fui contactado por equipas brasileiras, que têm estado na luta pelos [campeonatos] estaduais. Escolhi ficar parado para aprofundar conhecimentos junto da minha equipa técnica, inclusive com cursos, do que estar a pegar numa equipa numa fase menos boa. Já recebi convites de clubes do Paraguai, do Peru e, recentemente, do Emirados Árabes Unidos, num clube a meio da tabela.

Destaca algum desses clubes?

Sou muito ético nesse aspeto. Antes de ir para o Vitória, uma coisa que falei com o presidente no início dos contactos foi precisamente isso, sabendo que estava lá o Moreno, que até tinha sido meu colega. Quando as coisas tivessem de voltar a acontecer, nós falaríamos. E foi assim. Algum convite já da I Liga? Sim.

Com 50 anos, que sonhos ainda tem na sua carreira?

Eu sinto-me jovem. 50 anos só mesmo na certidão de nascimento. Tenho muitos objetivos. Quero ser um treinador de primeira linha do futebol brasileiro e não só. Preciso de ter uma sequência de clubes de primeira linha. Tenho condições para isso. Não tenho dúvidas nenhumas. Tenho liderança desde jogador a treinador, tenho conhecimento, trabalhei ao lado de um dos melhores treinadores do mundo, disputei todas as competições a nível de clubes, como Libertadores, Liga dos Campeões, Liga Europa, Liga portuguesa, Brasileirão, Liga dos Campeões asiática,... Através da busca de mais conhecimento e trabalho, vou dar mais equilíbrio a essa continuidade na primeira linha, seja em equipas de futebol americano ou no campeonato português. É o meu maior objetivo.

Notícias ao MinutoPaulo Turra sabe o que é medir forças com portugueses no Brasil, mas acredita que poderá voltar a treinar em Portugal.© Getty Images  

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