Ramos-Horta esperançado em embaixada britânica em Díli

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No final de uma visita de uma semana a Londres, o chefe de Estado timorense disse à agência Lusa que os contactos realizados com as autoridades britânicas foram positivos. 

"Estou muito esperançado que o Reino Unido abra uma embaixada em Díli. A reação [à sugestão] foi muito positiva, mas deixo ao Reino Unido anunciar oficialmente se e quando vão abrir", adiantou. 

Ramos-Horta fez a mesma proposta ao Presidente francês, Emmanuel Macron, durante esta digressão pela Europa, com escalas em Roma, Paris e Londres.   

"São grandes potências, e a presença de uma embaixada eleva a visibilidade e o estatuto de Timor-Leste e torna mais fácil o diálogo, consultas e coordenação. Também pode facilitar investimentos", explicou.  

Além de ter sido recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron, e pela secretária de Estado, Anne-Marie Trevelyan, que é responsável pela região do Indo-Pacífico, Ramos-Horta reuniu-se na quinta-feira com o presidente da Câmara dos Lordes, John Francis McFall. 

Numa mensagem nas redes sociais, Trevelyan saudou o encontro realizado na segunda-feira, durante o qual foram discutidas as relações bilaterais e o apoio à adesão de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), prevista para 2025. 

A secretária de Estado esteve em Díli em setembro passado, o primeiro membro do Governo britânico a visitar Timor-Leste desde a independência, em 2002, refletindo o crescente interesse do Reino Unido na região do Indo-Pacífico.

O Reino Unido financia alguns programas de desenvolvimento, nomeadamente de combate à malnutrição infantil e de formação de quadros mulheres, e, em agosto, enviou a Timor o navio da Marinha britânica HMS Spey.

Além do reforço das relações bilaterais, José Ramos-Horta levantou junto dos dirigentes britânicos a situação de milhares de timorenses ilegais no país. 

A estimativa oficial é que sejam cerca de dois mil, mas o número pode ir "no máximo" até aos cinco mil, disse. 

"O apelo que eu fiz é para fazerem um ato político humanitário e deixarem ficar, regularizando a sua situação como trabalhadores", revelou à Lusa.

A reação dos dirigentes políticos foi de "compreensão", o que deixou o chefe de Estado "convencido de que vão encontrar uma saída política e humanitária para permitir que eles continuem aqui". 

A comunidade timorense está estimada em 30.000 pessoas, incluindo crianças, a maioria com dupla nacionalidade portuguesa, o que ajudou na aquisição do estatuto de residente durante o processo do 'Brexit'.

Este registo fechou em junho de 2021 e a obtenção de vistos é agora mais difícil. 

No ano passado, o Governo britânico invocou irregularidades e abusos para retirar a isenção de visto a timorenses para visitas e estadias no Reino Unido até seis meses. 

A então ministra do Interior britânica, Suella Braverman, alegou um aumento sustentado de timorenses "visitantes não genuínos, muitas vezes com a intenção de reclamar fraudulentamente o estatuto de dependentes no âmbito do EU Settlement Scheme ou de trabalhar ilegalmente no Reino Unido".

Milhares de timorenses foram impedidos de entrar no Reino Unido nos últimos dois anos devido a suspeitas de imigração ilegal. 

Durante esta semana, Ramos-Horta também teve encontros com atuais e potenciais investidores dos setores financeiro, petrolífero e gasífero, tecnológico e alimentar, bem como contactos com diplomatas, como os embaixadores de Portugal, Nuno Brito, e do Brasil, António Patriota. 

A visita termina hoje com um discurso na Cimeira Económica na Universidade de Warwick, no centro de Inglaterra.

O Presidente revelou que pretende regressar ao Reino Unido em junho para visitar as diferentes comunidades timorenses pelo país, incluindo na Irlanda do Norte. 

Na mesma viagem à Europa, em junho, planeia também visitar a Irlanda e a Noruega para contactos a nível bilateral.  

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