Redução da participação da Fosun não põe em causa o rating da S&P atribuído ao BCP

8 meses atrás 57

“Dito isto, podemos ver a representação da Fosun no conselho de administração do BCP reduzida de três para dois lugares, proporcional à sua menor participação e alinhada com a representação do co-acionista Sonangol”, acrescenta a S&P.

A S&P Global Ratings afirmou hoje que a redução da participação da Fosun International Ltd. no Banco Comercial Português (BCP) não afecta a qualidade de crédito do banco liderado por Miguel Maya.

A Fosun reduziu a sua participação no banco em cerca de 10% nas últimas semanas. A agência de notação financeira considera este facto “como largamente neutro para o BCP (BBB-/Estável/A-3), porque o banco não beneficia do apoio do maior acionista nem está limitado por ele; em vez disso, vemos a Fosun (BB-/Estável/-) como um investidor financeiro”, realça a S&P.

O desinvestimento da Fosun, incluindo o accelerated bookbuilding de 5,6% anunciada na segunda-feira, e a redução de 4,3% nas semanas anteriores colocou alguma pressão de curto prazo sobre o preço das ações do BCP.” No entanto, na nossa opinião, não representa representa um risco para a sólida capacidade de crédito subjacente do BCP”, defende a S&P.

“A venda parece ser uma oportunidade para o conglomerado chinês realizar alguns ganhos de capital e apoiar o seu perfil de liquidez”, reforça a S&P, uma opinião partilhada pelas outras agências, Fitch e DBRS.

A Fosun tornou-se acionista do BCP em 2016 e aumentou ainda mais a sua participação em 2017, quando o preço das acções era inferior ao atual.

A agência de rating refere que espera que a estrutura acionista do BCP “permaneça relativamente estável após esta transação, uma vez que a Fosun comunicou a sua vontade de manter pelo menos 20% de participação no banco (em comparação com 29,9% no final de junho de 2023)”.

“Dito isto, podemos ver a representação da Fosun no conselho de administração do BCP reduzida de três para dois lugares, proporcional à sua menor participação e alinhada com a representação do co-acionista Sonangol”, acrescenta a S&P.

A estrutura acionista concentrada do BCP é rara em comparação com os bancos cotados europeus. “Esperamos que o BCP mantenha uma maior proporção de participações qualificadas relativamente aos seus pares – nomeadamente a Fosun (20%) e a Sonangol (19,5%) – o que implica uma menor proporção de ações em free float”, acrescenta a S&P.

“A solvabilidade do BCP fortaleceu-se gradualmente ao longo dos últimos seis anos. Elevámos as nossas classificações do banco em setembro de 2023 para a nossa categoria de grau de investimento (BBB-), refletindo a sua capitalização reforçada e rentabilidade saudável. Esperamos que o rácio de capital ajustado ao risco do BCP oscile entre 8,4% e 8,7% até ao final de 2025, apoiado por um sólido ROE (return on equity) de 12% a 14% ao longo dos próximos dois anos e por um modelo de negócio eficiente (cost-to-income de 35%-40%)”, detalha a agência.

A agência prevê ainda que a deterioração da qualidade dos activos num ambiente económico mais lento deverá ser controlada, “após anos de desalavancagem e uma limpeza das suas exposições problemáticas. Prevemos que o rácio de crédito malparado se manterá abaixo de 5%, em comparação com a nossa expectativa máxima de 5,6% para o sistema bancário português”.

“As necessidades de financiamento do BCP são limitadas e recentemente refinanciou um instrumento Additional Tier 1 a um custo inferior ao anterior”, conclui.

O BCP caiu em bolsa 2,13% para 0,27 euros.

Ler artigo completo